UM CICLO QUE SE FECHA
UM CICLO QUE
SE FECHA
Quando um
ciclo se fecha é bom fazê-lo com a consciência de um dever cumprido (dharma),
purificando as emoções daí resultantes e tirando as lições que esse tempo nos proporcionou.
A minha vida
é uma filigrana de ouro fino e as afectividades foram-se desencadeando em
processos de evolução, de acordo com o estado de cada ser ou grupo de almas,
que acolhi e comigo seguiram, confiantes e determinados.
Nos mais de
quarenta anos, em que o yoga passou a fazer parte da minha vida, sinto que foi
um tempo de descoberta a vários níveis e, as experiências vividas, com alegria
e alguns tormentos, fizeram com que me viesse a afirmar como pessoa. Uma
verdadeira escola, onde aprendi que a nossa verdade é aquilo que sentimos e nos
permite actuar de acordo com as necessidades e oportunidades. Integrada numa
família convencional, casei e tive filhos, que criei com devoção a uma causa e,
quando o yoga chegou à minha vida, abriram-se as portas a uma realidade que me
transcendia e tive de encarar como um desafio e um relevo, que estava muito
para além da minha vontade e competência. Aceitei, por sentir o valor dessa
circunstância e por aquilo que esta filosofia me tinha proporcionado. O yoga
acordou em mim, verdades implícitas, que jaziam escondidas no meu ser mais
profundo. Encontrei um mundo onde me revia e me fazia acreditar que, para além
de mim também era eu!
Sendo,
normalmente, pouco sociável, fui levada a conviver com o grupo de almas que se
apresentava à minha porta e que recebi, sem saber muito bem como agir, da mesma
maneira que o fiz com a maternidade, numa entrega total. Sempre desejei ser mãe
e os meus filhos serão sempre o reflexo do amor que lhes dediquei/dedico e,
agora aos meus netos, a serem dignos do prolongamento duma vida.
O "Satsanga",
foi um espaço e um tempo, que deixou a sua marca, com a presença daqueles que
por lá passaram e me ajudaram a crescer, na minha individualidade e a minha consciência
de ser e de estar. Sinto-me abençoada pelo tanto que aprendi e pude partilhar e
guardo na memória uma realidade, que foi de todos quantos se dispuseram a
acreditar que valia a pena ir à descoberta dos grandes mistérios da vida, tendo
o corpo e as emoções como ponto de partida.
Neste
momento, em que escrevo estas palavras, sei que sigo só, mas não sozinha,
porque a ligação das almas é transcendente e a matéria é, somente, depositária
de sentires, que assinalam as diferentes passagens no processo de evolução
pessoal e colectivo. Não sei quanto tempo viverei mais, mas confio nos meus
deuses, recebendo o seu apoio, para que seja um tempo, com uma paz conquistada
dia-a-dia e a preparar a encarnação seguinte, pois é assim que funciona a lei
do karma, e com esta ideia a fazer parte do meu coração, onde estão todos
quantos me tocaram e se deixaram tocar.
Sinto-me
feliz e eternamente grata, pela oportunidade de servir e ser servida, nesta
comunidade familiar e espiritual. OBRIGADA!
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