FALAR DE LIBERDADE

 

FALAR DE LIBERDADE

Posso falar de liberdade, na minha condição actual, pois sei o que é viver sem ela, ou pelo menos, da pouca que antes tínhamos! No entanto, também posso dizer que sempre me senti livre, no meu ser e no meu estar e procurei fazer e dizer o que sentia, apesar das circunstâncias e das condições e dentro da família ou amigos chegados. Procurei seguir o meu sentir mais profundo, e, dei-me bem com essa atitude ou maneira de ser, mesmo considerando uma certa inocência ou ingenuidade, que me levaram a proceder na forma mais adequada às circunstâncias ou momentos. É preciso que se note que não estávamos muito politizados, pois tínhamos vivido em Angola, na Companhia de Diamantes, que era quase outro país. Agradeço aos meus pais terem-nos dado uma educação em que podíamos ser naturais, apesar de sabermos que vivíamos num ambiente muito conservador e dominado pela religião predominante que nos mantinha numa bolha de aparente segurança e tranquilidade. No entanto tivemos a sorte de nos terem mandado, a mim e à minha irmã, para estudar em Inglaterra, onde tivemos o privilégio de viver em contacto com uma cultura que nos permitia estar bem informados do que se passava no mundo. Uma oportunidade em que, também foi possível avaliar as diferenças de comportamento a todos os níveis e nos darem uma perspectiva da vida, mesmo que algumas liberdades nos pudessem chocar.

Falar de liberdade implica a noção de quem viveu sem ela, na sua plenitude, ansiando pelo momento em que essas portas se abrissem e pudéssemos ser donos e senhores da nossa vontade, falando e ouvindo sem restrições. É, de facto, um bem estimável e com direito a ser defendido, mesmo que possa haver algum desbragamento em comportamentos e muita conversa que não leva a lado nenhum, nem serve a ninguém.  Ao mesmo tempo, a liberdade conquistada deu origem a conceitos em que as restrições começam a ter o seu papel, pois passámos a ter cuidado com o que dizemos, para não ofender grupos que era suposto serem, naturalmente, aceites nesta sociedade, idealmente, democrática. Todos diferentes, mas todos iguais no sentir e no direito de ser e de estar, mas com os comportamentos alinhados com as regras do bom senso e do país em que vivemos.

A liberdade é uma ideia romântica que sabe bem imaginar que a vivemos, sabendo nós que está mais dentro do que fora. Eu sinto-me, verdadeiramente livre, no espaço e na companhia em que estou inserida no meu sentir mais profundo, com a consciência de que o respeito pelo outro faz parte da minha obrigação, dando e recebendo na mesma medida, e que as minhas acções se projectam muito para além do momento, e essa energia deixa a sua marca definitivamente. A responsabilidade é o factor primordial no dia-a-dia e a educação permite-nos fazer e o que dizer, no momento oportuno e conveniente, pois há muitas formas de manifestar o nosso sentir, com respeito pela liberdade e sensibilidade de cada um. A empatia não se escolhe, acontece… ou não! Dando atenção, é possível actuar sem restrições e sentir o prazer de partilhar ideias ou comungar de ideais, falando de liberdade e em liberdade!!!


                 OM SHANTI OM



Comentários

ARC disse…
OM shanti OM 💝💥❤️

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