RITMOS

 

                                                                         


                                                RITMOS – Conversando…

Tenho alguma dificuldade em acertar o passo com quem não acompanha o meu ritmo de acção, não tendo isso a ver com rapidez de movimentos, mas com a sintonia ou entendimento dum sentir, que me obriga a dar atenção ao desenvolvimento do que se esta a passar, e até aos pensamentos que vão ocorrendo. Por outro lado, é importante ter em vista que temos de tentar harmonizar o momento, mesmo que alguns ralhos possam acontecer pelo caminho...

Nada desta conversa tem a ver com inteligência ou outras eventuais capacidades, pois penso ser apenas uma qualidade inata, que foi ajudada pela meditação, e a vontade de chegar rapidamente ao objectivo, procurando acertar o passo com quem estamos a realizar um qualquer objectivo, ao mesmo tempo que a maneira de ser tenha o seu papel. Além da rapidez, também é preciso continuar a dar atenção ao que se está a fazer, e entrar em sintonia, para que os propósitos possam ser alcançados favoravelmente. Esse desfasamento faz com que aconteçam algumas discussões ou desavenças de opinião, a não resolverem nada, visto que cada um fica na sua... Tudo isto está relacionado com a maneira de ser de cada um, e será sempre difícil de ultrapassar, bastando uma certa conformação, tirando peso do assunto e aceitar a condição!  Pensar sobre este assunto, pode nem ter grande importância, mas quando a ideia me bate, tenho mesmo de lhe dar atenção, talvez, aprender a respeitar quem se dispõe a actuar nessa circunstância particular, e rever memórias que me levem a confirmar esta forma de sentir. Reconheço que nada do que estamos aqui a falar, seja fácil pelas dificuldades inerentes ao feitio dos que estão envolvidos na acção, da paciência que é preciso ter para levar a bom porto o que se pretende…

Estar aqui a falar sobre ritmos, veio-me à lembrança o tempo em que, no “Satsanga” (o Centro de yoga que me ocupou durante cerca de 40 anos), procurámos desenvolver algumas acções, que nos foram ajudando a descobrir outros mundos, dentro da relação corpo, mente e espírito, usando o hábito de meditar em grupo, como a melhor forma de atingir os obectivos propostos. Foi muito interessante e desafiante ao mesmo tempo, visto que tínhamos de lidar com diferentes ritmos e estados, dentro do processo de desenvolvimento em que cada um se encontrava. Nessas ocasiões, a troca de impressões, foram extremamente valiosas, com o feedack a dar-me orientação, para perceber o ponto em que se estava, na capacidade de alcançar o que se pretendia ou naquilo que nos surpreendesse. E, foram algumas vezes as que fomos surpreendidos com os resultados, e também a sentir que, de repente me “via” sozinha num caminho, estando os companheiros a ficarem para traz… Logo, eles próprios, se manifestaram, dizendo que sentiam que eu estava a ir depressa demais!!! Percebi, realmente, que teria de aceitar que os ritmos e os passos, são muito pessoais, que não têm a ver com mais ou menos capacidade, mas uma condição própria ou vontade de correr ou ir devagar… Estas experiências e vivências absolutamente mágicas, guardo-as na minha memória, e no meu coração, como grandes lições de humildade, mais a sabedoria dos que se dispuseram a partilhar comigo tantos momentos, tantas valências, neste caminho em que o yoga nos deu escola, uma aprendizagem para a vida.

É, pois, fundamental, dedicar atenção aos ritmos pessoais e alheios, para que a convivência pessoal e colectiva seja sempre o mais harmoniosa possível! Conversando, nos vamos entendendo… Bem hajam por continuarem a participar neste diálogo, sincero e tranquilo, num, domingo em que a chuva nos veio bater à porta, para acreditarmos que é Inverno!...

                   OM SHANTI OM

                       



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