SEGUE A VIAGEM...


Cá estou novamente para vos contar como foi o caminho para Poona e respectiva estadia. É preciso que vos diga que a razão desta visita tem a ver com o facto de, nesta cidade, haver vários centros de Yoga e um Ashram do Suami Rajneesh, actualmente chamado Osho (já falecido). O que pretendíamos visitar era o centro dum grande Mestre de Hatha Yoga, Iyenger. Apanhámos o comboio na Estação de Vitória e lá nos sentámos numa carruagem onde nos reencontrámos com o suma-a-pau. A 1ª classe era bastante mais cara, por isso, optámos por poupar umas rupias, sacrificando o conforto. Por cerca de 120$00 tivemos direito a chá e uma refeição ligeira. A viagem até se fez muito bem pois passámos o tempo a contar as nossas aventuras e a ouvir as dele.
Chegámos a Poona e, por coincidência, à saída encontrámos uma senhora que havíamos conhecido a caminho de Ganeshpuri que nos indicou um hotel ali perto. Infelizmente, esse estava cheio e acabámos por ir parar a um mais barato, tipo casa de passe, onde as amigas baratinhas se passeavam com toda a liberdade. A minha amiga foi contemplada com uma enorme, enquanto eu só mereci as pequeninas…. O sono e o cansaço eram tantos que a vizinhança não me chegou a perturbar demasiado o descanso.
O marido da minha amiga estava cheio de febre e tivemos de procurar um médico que se apresentou mais tarde. Começámos, então, a organizar a visita aos centros que nos interessavam. Viemos a saber que o Suami Rajneesh se tinha posto a andar para a América e o Ashram havia sido fechado por ordem do Governo. O homem tinha uma organização com práticas pouco recomendáveis, segundo ouvimos dizer. No entanto, os adeptos estrangeiros (principalmente alemães) continuavam por lá, todos com bastante mau aspecto, vestidos com túnicas grenás e um colar ao pescoço com a foto do chefe. A higiene não passava, definitivamente, por ali… Nesta terras, também, é difícil andar limpo, lá isso é verdade.
Depois do marido da minha amiga ter recebido tratamento, fomos almoçar antes de fazermos a habitual excursão para conhecer a cidade, acompanhados por grupos de pessoas da terra que vibravam bastante com o que ia sendo mostrado. Visitámos um museu, um Templo Ganesha (o Deus elefante), a cidade universitária e mais umas quantas voltas um tanto ou quanto demoradas, com explicações em híndi, à mistura com umas poucas palavras em inglês macarrónico para não ficarmos a leste. Em cada paragem, os nossos companheiros de viagem não perdiam a oportunidade para se abastecerem de goluseimas (maçarocas, amendoins, goiabas, aperitivos, etc., etc.). A última coisa que visitámos foi o Mahatman Gandhi Memorial, num antigo palácio do Agha khan, cedido a Gandhi durante o período revolucionário. Foi bastante emocionante sentir a energia daquele lugar.
Quando terminámos o passeio, metemo-nos com armas e bagagens num Rikshaw e apontámos para o hotel onde iríamos ficar à espera da camioneta para Aurangabad, não sem antes passarmos pelo Ashram do Rajneesh para tentarmos perceber o que por lá se passava. Informaram-nos, então, que os europeus já não moravam ali e que tudo aquilo iria ser deitado abaixo. Com grande pena minha, não chegámos a visitar o Ashram do Mestre Iyenger pois ficava fora de Poona e teríamos de apanhar um táxi até lá, o que não nos dava jeito e, diga-se de passagem que não perdemos nada porque ele não estava na Índia. Como fomos na altura da monção, ou perto do fim dela, estes mestres, aproveitam para viajar até à Europa ou à América. Ao fim e ao cabo, a nossa passagem por Poona não passou disso mesmo, apenas nos ficou na memória um povo simpático e diferente do de Bombaim que, por ser um porto recebe montes de gente em busca da sua sobrevivência. Na visita que fizemos à cidade, perto do fim, o guia veio ter com cada turista, agradecendo a participação – aos homens apertava a mão e às senhoras fazia o gesto de saudação (“Namasté”) que consiste em juntar as mãos à frente do peito.
Uma vez instalados no “brilhante” hotel, tomámos um banho, jantámos as nossas frutas variadas e deitámo-nos para repousar, esperando pela hora da camioneta de carreira que estava prevista para a 01.30 da noite, o que só aconteceu uma hora mais tarde. Chegado o transporte, lá nos instalámos e tive como companheiro um indiano que dormia a sono solto, o que não aconteceu comigo apesar da viagem ter durado 5 horas. Tenho dificuldade em dormir sentada e, além disso, a geringonça tremia e resfolegava por todos os lados!...Chegámos a Aurangabad às 07.30 da manhã, que se apresentava linda e com uma temperatura bem mais agradável do que aquela que tínhamos tido até ali. Verdade se diga que já estávamos fartos de chuva e lama; passar para o pó foi um grande melhoramento na nossa qualidade de vida, podem crer…
A intenção desta paragem, era a visita às cavernas de Ellora, muito famosas. Logo vos contarei como decorreu essa visita.
Fiquem bem!

P.S. - Na foto está o Gandhi Memorial

Comentários

Aldina Duarte disse…
"Se queremos alcançar a verdadeira paz neste mundo teremos de começar pelas crianças." Ghandi

Ora aqui está um Homem que eu gostava de ter conhecido pessoalmente nem que para isso tivesse de ter nascido indiana!

Continuação de boa viagem...

Estamos Juntas!

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