ESTÓRIAS QUE POSSO CONTAR
ESTÓRIAS QUE POSSO CONTAR
De vez em quando, calha em conversa algum tema que acorda a memória duma
situação ou momento, que pode despertar em mim a vontade de a lembrar e contar,
por achar que essa curiosidade talvez seja um bom moto de simples cavaqueira. A
vantagem de ter muita idade é, precisamente, contar com um certo acervo de
estórias e as poder partilhar com o grupo de almas onde, felizmente, me encaixo
e a fazerem o favor de me lerem, manifestando os seus gostos ou a reagirem com
os seus próprios sentires.
Ao falarmos de nomes, lembrei-me de que fui baptizada com o nome da minha
avó paterna e da minha própria mãe, Maria Emília. No entanto, nunca me
explicaram a razão pela qual esse nome não ter sido usado no meu mundo infantil
que davam por outro, Marília, que assumi como mesmo meu. O original e
verdadeiro, só usava quando tinha de assinar alguma coisa, até porque no
colégio onde andei cinco anos, me tratavam por Picotinha, sendo a minha irmã a
Picoto, o nosso apelido, e também não me identificava muito com ele, por ser o
da minha mãe.
Esta "entidade", durou até eu ter começado a dar aulas de yoga, o que
me obrigou a começar a usar o primitivo. Confesso que levei um tempo a
habituar-me, embora na intimidade continuasse a ser Marília. Logicamente, com o
passar dos anos, fui tomando consciência de que esse era o meu verdadeiro nome,
deixando cair o que o meu pai achava que me ficava melhor, ou que ele pensava
ser uma conjugação de Maria com Emília... Tenho uma vaga ideia de que a minha
mãe ainda sugeriu que se mudasse o meu nome para o que estava a usar, mas o meu
pai não se quis dar ao trabalho, talvez porque nessa época não fosse muito
fácil!
Como curiosidade vos digo que, quando a minha primeira filha nasceu, queria
dar-lhe o nome duma grande amiga, mas a avó, assumindo a sua autoridade,
sugeriu chamar-lhe Marília de verdade e passou então a ser Marilinha, para se
distinguir de mim. E, assim, continuámos até que o yoga entrou na minha vida e
o passei a partilhar com os que de mim se foram abeirando para conhecerem esta
filosofia. Mais tarde viemos a saber que, a ela, também não lhe agrada o nome,
tal como eu anteriormente. Infelizmente, nessa altura, não se podia perguntar
aos bebés se gostavam dos nomes escolhidos, como eu agora consigo fazer às
grávidas, quando pergunto se gostam do nome escolhido, usando um pêndulo!
Acreditem que é fascinante usar este sistema, para que seja do agrado do
ser expectante. Com a continuação, acabei por aceitar ser Maria Emília
definitivamente, e a Marília ser igualmente, só a minha filha. Passei, então, a
tomar esse nome como nome de "guerra", tendo até deixado cair os meus
apelidos nos livros que consegui publicar, como forma de partilhar os meus
sentires mais profundos e de passar os ensinamentos, de experiências feitos. A
escrita como meio ideal, pois é um registo que deixa a sua marca mais
firmemente, expressando o que a linguagem falada não consegue.
Um nome é uma vibração, uma energia própria, e é bom quando nos assenta bem ou
que temos de o tomar como aquela oferenda de amor, com que os nossos pais nos
prendaram. A minha filha que me perdoe ter feito a vontade à sua querida avó
Maria que, afinal, era este o nome como o meu pai a tratava e não por Maria
Emília!... A vida tem destas coisas.
Esta estória, que aqui vos conto, pode vir a ter continuidade, caso mais alguma
ideia me venha a bater à porta...
Comentários