DESAPEGO

 

DESAPEGO

Esta palavra começou a aparecer no meu léxico, e a despertar a minha atenção, quando o yoga se manifestou na sua vertente filosófica, para além do aspecto corporal, em que os exercícios têm o papel principal (hatha yoga). O desapego, normalmente associamos a indiferença, tendo sido importante mergulhar mais fundo no seu sentido, uma fronteira tênue que implica entender que o desapego está bem longe da indiferença, pois nos dá a sensação de liberdade, com esse sentir em que nos desligamos de alguma coisa ou de alguém, sem pena e com amor.

Foi muito valiosa esta lição, pois me permitiu, e permite ainda, saborear o que a vida me tem oferecido, sem nunca ter aquele sentimento de perda. Na parte que toca às coisas materiais, talvez não seja tão difícil, mas com as relações afectivas não é o mesmo! As amizades que se vão estabelecendo, proporcionam bem-estar com a ideia de alguma segurança, o que sucede igualmente nas relações familiares. Sempre que perdemos algo, ficamos um pouco confusos, principalmente, se o objecto for estimável, com significado marcante. Quanto às relações, o rumo é outro, pois nas nossas vivências, nem sempre está à vista a razão para tal acontecimento, e custa naturalmente.

No tempo em que me encontrava envolvida com tantas pessoas, fui criando relações afectivas, e tive de aprender que o desapego tinha de começar a fazer parte do acontecimento, quando se davam afastamentos, aparentemente, inexplicáveis. Depois de muito meditar sobre o assunto, fui chegando a uma conclusão, pois que, para além de fazer sentido, também, me apazigua, deixando de sentir uma perda, visto que o amor prevalece, apesar de tudo. Percebi então, que só tenho de estar com alguém, para aprender ou ensinar, e que terminando essas tarefas, cada um vai á sua vida! No entanto, há casos em que a ligação prevalece, com aquele sentido de companheirismo, que é tão bom. Somos seres de matilha, precisamos de estar inseridos num grupo de almas, com os pares, com quem sintonizamos, que nos permitem ser solitários, mas em boa companhia!

O desapego obriga-nos a aceitar as eventualidades que a vida nos oferece, sabendo quão importante são os momentos em que temos a oportunidade de dar e receber, lutando e fugindo, aprendendo e ensinando. Assim poderemos cumprir as missões que nos permitam partir para a próxima encarnação, com a satisfação do dever cumprido.

A indiferença toma, igualmente, o seu lugar adequado, deixando que o desapego nos faça, cada vez mais leves e livres, para ser e estar em plenitude!

                  OM SHANTI OM

                  


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