RE-CRIAR A AUTO-ESTIMA

 



RE-CRIAR A AUTO-ESTIMA 

Ontem, num momento mágico aconteceu que um raio de sol encontrou caminho por entre as nuvens, e projectou a sua luz sobre o mar de prata. Naquele instante compreendi como é bela e surpreendente a vida! Guardo na memória do meu corpo o esplendor daquele acontecimento e, ao sentar-me aqui na minha varanda para o mundo dos sonhos, não posso deixar de reflectir sobre as experiências espirituais que tenho vivido, e vou vivendo. Sinto em cada célula o palpitar dos corações que batem em uníssono. A minha consciência expande-se, exalta-se numa orgia gloriosa e transcendente. Apetece-me gritar o amor! Porque o amor é a verdadeira alma; a alma serve-se do meu corpo para que a sua materialização seja o impulso para novos passos, mais firmes, mais seguros.

A leveza do ser é como a transparência das águas do rio que brota da montanha e segue o seu curso em direcção ao mar. Na planície, as margens deixam-se penetrar para serem fecundadas. Aquela luz que abriu caminho por entre as nuvens fez-me ver o que era preciso ver. A pouco e pouco tudo foi ficando mais definido, mais claro e, no entanto, com menos expectativas. Os momentos que vivo são, realmente, mágicos! Com a contenção das emoções, a concentração, permite-me amadurecer as sensações e levar por diante os projectos que se vão alterando à medida das necessidades e das circunstâncias. Encontro o equilíbrio porque sou levada por uma grande sabedoria, por um exército de seres que me levam sempre a fazer o que tem de ser feito. As barreiras que tenho de transpor são meros obstáculos que justificam o esforço e me animam. Ao escutar as gravações do passado oiço o eco do presente, posso ouvi-las vezes sem fim, apreciá-las ou rejeitá-las. Experiências vividas intensamente, marcos da existência que definem etapas, com mais ou menos fulgor. Assim vou crescendo, o que pode significar uma tomada de consciência, uma capacidade de descriminação e apreciação dos verdadeiros valores, e não daqueles que me foram impostos pela sociedade, ela própria em constante mutação.

Espiritualizar o amor é devolver-lhe a pureza inicial e tirar-lhe peso. Re-criar a autoestima é o único caminho para o autoconhecimento. Vou deixar que o tempo seja o grande mestre, acompanhando os acontecimentos da mesma maneira que saboreio as paisagens das varandas que dão para o mundo dos sonhos. E, sempre que um foco de luz romper por entre as nuvens cinzentas da vida, guardarei a magia desse instante. O futuro está no presente e o presente é um passado revivido, purificado pela experiência. Vivo a espiritualidade no contacto com os outros, aqueles que fazem parte dos meus dias e se incorporam nas paisagens interiores do meu ser. Essa proximidade é uma necessidade absoluta, à qual não posso fugir. Os sentidos agudizam-se, todas as vezes que uma interacção toma lugar. A comunicação estabelece-se num vai-e-vem, numa troca de informações que desencadeia uma série de processos em que os mecanismos de luta e fuga nos levam a proceder instintivamente. Os diálogos passam-se ao nível do subconsciente. O que afirmamos e o que captamos tem sempre dupla interpretação, mesmo que a sintonia seja uma evidência. Nunca podemos avaliar correctamente o peso que as nossas afirmações têm, pois o receptor usará a sua química, transformando as palavras na sua perspectiva. Não será um diálogo de surdos, mas um diálogo onde cada um ouve o que mais lhe agrada ou convém. Se a sintonia for perfeita, o entendimento funciona rapidamente, dum jeito agradável e tranquilo. As ligações de natureza espiritual/emocional devem ser vividas sem reserva, mas com atenção posta nas sensações, livres de preconceitos, sem temer julgamentos.

Amo os meus companheiros de jornada, os de ontem, os de hoje e os de amanhã. Eternamente grata por tudo aquilo que me fizeram ter de fazer, continuar a descobrir e aceitar. Sinto o privilégio de ter sido “escolhida”, apesar das dificuldades encontradas. Com eles tenho viajado, e continuando, naturalmente, a viajar pelo tempo, no gozo do conhecimento proporcionado pelos deuses, encarregados do meu processo evolutivo.


                 OM SHANTI OM

               


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