PEGADAS...
PEGADAS…
Hoje em
dia, fala-se muito na ideia de que deixamos pegadas à nossa passagem pela
experiência de vida na Terra. Considero que, para além das próprias pegadas que
vamos deixando pelo caminho, há aquelas que são deixadas por quem passa pela nossa
existência, marcando a sua presença de um modo ou de outro. Quando olhamos para
trás, essas marcas são uma constante lembrança daquilo que significaram para
nós num dado momento. As pessoas que têm passado pela minha vida, deixando
impressas as memórias desses momentos ou dessas etapas vividas em comum, fazem
parte importante do meu processo de desenvolvimento e, sobretudo, do
autoconhecimento essencial ao avanço no cumprimento do meu/nosso Karma.
Naturalmente,
foram os meus pais e os meus irmãos, os primeiros a afirmarem-se como elementos
essenciais à minha educação e consciência do lugar que ocupo neste seio
familiar e, mais tarde, no mundo. Não conheci os meus avós, mas também eles têm
o seu papel na relação com a ascendência. Os amigos de infância fizeram,
igualmente, parte deste conjunto que se prolongou até à adolescência. No tempo
em que permanecemos em África, os amigos foram sempre cúmplices de muitas
aventuras e guardo na memória esses episódios, pois fortaleceram em mim a ideia
da partilha e da solidariedade. Quando viemos viver para Lisboa, o cenário e as
acções mudaram radicalmente, visto que a liberdade dos trópicos não se
coadunava com a vida numa grande cidade. O convívio era feito na escola, com as
colegas (os rapazes estavam noutra escola…) ou em casa com os meus irmãos,
principalmente com o meu irmão que tem uma idade mais próxima da minha. A minha
mãe passou a ter o papel principal na nossa educação porque o meu pai voltou
para África, onde permaneceu bastante tempo, com muita pena minha/nossa. No seu
regresso definitivo, estranhou encontrar adolescentes feitos… Felizmente, a
adaptação não criou problemas de maior, até me casar e partir para a Índia onde
o meu marido/noivo se encontrava em comissão de serviço.
O facto
de ter viajado bastante, para acompanhar o meu marido, permitiu-me abrir
horizontes e ter e criar amizades duradouras,
que prezo especialmente. Os filhos começaram a poisar os seus pés e a deixarem
a sua marca indelével. Ainda hoje é assim e, agora, também os meus netos vão
fazendo o mesmo. Em continuidade, a partir do momento em que comecei a dar aulas
de Yoga e a acompanhar o desenvolvimento dos que se ligam, espiritualmente, a
mim, fez com que goze o privilégio de reconhecer as pegadas que vão marcando o
caminho que percorremos juntos, com alegria e confiança. Tenho, realmente, sido
abençoada com o facto de ter por companhia os que precisam da minha energia e
de quem recebo tanto, numa troca que só termina quando a necessidade deixa de
existir ou sempre que é preciso “treinar” o desapego.
O
caminho traçado segue, assim, em boa companhia, e a viver cada experiência com
a certeza de que há ainda muitas lições para aprender, tanto para descobrir,
mantendo acesa a chama do interesse pela vida que ainda me falta viver…
OM SHANTI OM
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