PARCEIROS ESPIRITUAIS E DESAPEGO



O Caminho espiritual, como qualquer outro caminho, implica associações de vária ordem para que cada etapa seja levada a cabo com sucesso e esforço partilhado. Desde que comecei nestas andanças da tomada de consciência fui-me apercebendo de que havia contactos pessoais e de grupo que tinham, como propósito específico, ajudar-me a desenvolver capacidades e alguns aspectos da minha essência e personalidade a ela agregada e que essas relações tinham uma duração adequada para que o processo seguisse com segurança e alegria.
Como devem calcular, não percebi de imediato por que razão algumas pessoas se aproximavam, espontaneamente, de mim e se integravam, ou não, no Grupo de Almas que, eu própria, sem saber como nem porquê, ia formando. Pessoas que se tornavam familiares e muito estimáveis, com quem aprendi e partilhei o que se apresentava a cada momento em termos de acção e Conhecimento.
Sempre que se dava um afastamento (natural ou brusco), sentia que, aparentemente, não fazia sentido que relacionamentos tão intensos e profícuos se transformassem em indiferenças e ausências definitivas! Estranhava que essas pessoas, até ali importantes na minha vida, deixassem, de repente, de o ser. É preciso ver que o tipo de vida que levava até começar a praticar e a ensinar Yoga, era muito género caseiro, mãe de família, mulher e filha e irmã. O mundo onde me encontrava inserida, era simples e com regras estabelecidas e, por isso, a minha estranheza quando se davam convulsões no círculo espiritual que escapavam ao meu entendimento. Achava-me tonta por ter visto qualidades e gostos nos meus pares que, depois, se transformavam em atitudes incompreensíveis de acordo com os meus princípios e estrutura educacionais.
Levei bastante tempo a aceitar que, nesta passagem pela Terra, há relações que têm o seu papel na nossa evolução e, quando esse objectivo é atingido, o afastamento é inevitável, desejável até. Aquilo a que chamo “parceiros espirituais”, são os Seres que nos acompanham bem de perto, sem terem de viver connosco e que nos proporcionam bem-estar e total aceitação do modus vivendi de cada circunstância e nos entendem muito para além das palavras. Têm passado pela minha vida, parceiros espirituais excepcionais, o que me tem permitido atingir graus de consciência elevados e chegar à minha Alma de uma maneira que jamais julguei possível, para além das várias concretizações que nos permitem dizer que há obra feita.
O desapego entra quando os afastamentos se dão sem brusquidão, por vezes necessária para que esse afastamento se dê, e que se torna difícil pelo rastro que esses contactos deixaram. Não sou saudosista, mas lembro com saudade experiências vividas com paixão e exaltação, que acordaram o meu lado mais luminoso, sentindo como são transcendentes e fortes as vivências espirituais apegadas a um corpo que, a todo o momento, reflecte emoções contraditórias. A Auto-estima é um factor frágil e susceptível de ser abalado porque, quando mantemos uma relação espiritual e ela tem de passar para outro nível, persiste a dificuldade em deixar de desejar que esse contacto se prolongue no tempo.
É evidente que precisamos de aceitar a nossa condição humana e o que temos ainda de trabalhar kármicamente, sendo por isso que os nossos parceiros espirituais têm um papel tão importante, por servirem de espelho onde se projecta o que, realmente somos e em que ponto de evolução nos encontramos. Há parceiros que passam por nós como estrelas cadentes ou cometas que deixam a sua luz durante um tempo; outros parceiros prolongam a sua permanência connosco enquanto o seu papel for necessário ao nosso e seu desenvolvimento. No campo espiritual é como na vida material, há relações de vária ordem e grau, o que está em cima está em baixo e vice-versa. Nas minhas vidas (material e espiritual), tenho tido a sorte de ser acarinhada por muitos amigos e parentes que me têm acompanhado o suficiente nas dificuldades maiores, o que não me tem permitido desistir, mesmo quando me apetecia mais descansar apenas na Essência de onde provenho. A luta e a fuga presente, a balançar cada uma para o seu lado...
O meu Amigo e Mestre Seth dizia que viver na matéria não é nada fácil por ser um meio de grande densidade, mas se é preciso que o façamos, mais vale estar em boa companhia e seguir com a confiança nos Deuses que nos assistem e nos guiam.
Fiquem bem e obrigada por Serem Estarem comigo, aqui ou em qualquer outro lado...

OM SHANTI

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