IMORTALIDADE
IMORTALIDADE
O corpo, como matéria, é perecível e, por isso, sofre as
agruras próprias de quem lida com uma energia densa e poluída. A mente, como
condutor deste veículo que é o corpo,
tem de aprender a lidar com as capacidades inerentes às qualidades próprias
desse instrumento de trabalho e auto-perfeição. A doença é um desequilíbrio,
provocado por um esforço excessivo, uma derrapagem
que faz com que se perca o controlo da situação, entrando por caminhos, cujas
curvas mais apertadas, nos fazem deixar de sentir o prazer da viagem, até ali a
correr sem grandes sobressaltos.
Quando adoecemos e ficamos à mercê da solidariedade,
tomamos consciência da nossa mortalidade
física. A mente debate-se com a questão: “Porque é que isto me está a acontecer? Que
fiz de errado e qual o propósito desta circunstância?...” Na primeira fase nem dá para perceber
absolutamente nada do que está a acontecer. Julgamos que tudo vai passar
rapidamente, que somos capazes de nos sobrepor àquele percalço. O tempo vai
passando e os resultados desse trabalho mental não são muito palpáveis, no
entanto, continuamos a tapar o nosso Sol com uma peneira, fazendo de conta que
está tudo bem, que o melhor é seguir para a frente como se nada se estivesse a
passar. Ignoramos as queixas do corpo e, este, muito pragmaticamente, começa a
dar sinais cada vez mais violentos. Por fim cedemos, passando a viver como doentes. Assumimos uma
condição que se tornara óbvia em demasia, por falta de atenção inicial. A
rendição é a única opção. Paciência... Paciência!
A falência da recuperação não representa uma
incapacidade, mas uma falta de oportunidade para que o ciclo se complete. A
resistência tem os seus limites, por isso, é preciso não descurar a atenção que
é preciso dar às condições em que vivemos e trabalhamos. Apesar de tudo, as derrapagens sempre farão parte dos
perigos de quem segue com espírito de aventura e de serviço. Não somos
propriamente deuses, apesar da divindade que reina em nós nos permitir alguma
confiança e acreditar que nada acontece por acaso e que, aquela circunstância é
um sinal evidente de que estamos vivos e actuantes, prontos para a luta por um
ideal que não é só nosso.
Na
saúde e na doença, reconhecemos os nossos companheiros de jornada. Na tristeza
e na alegria percebemos a necessidade de partilha com aqueles que connosco
comungam do mesmo pão. A selecção acontece. As provas, apesar de duras, são
absolutamente necessárias ao crescimento de um grupo de trabalho espiritual que
tem por base as acções de cada dia, pois que é nelas que nos revemos e
solidificamos o amor que nos une. Ninguém ensina nada a ninguém, alguns
aprendem mesmo sem dar por isso, outros apercebem-se do seu progresso e
sentem-se confiantes com essa consciência. A aprendizagem faz-se no contacto,
na proximidade com o núcleo central, e o crescimento é uma consequência natural
dessa exposição, não representando um esforço, mas sim uma alegria no dar e no
receber.
A imortalidade
não está no corpo físico, mas sim no corpo astral e espiritual. Transcender a
matéria permite-nos perceber que, realmente, não somos o corpo.
Ao ampliarmos a consciência percebemos, finalmente, que não somos UM, pois
pertencemos a um grupo de almas, que trabalha na sua individualidade com a
consciência dessa pertença. Cabe-nos, por isso, a responsabilidade de manter a
união das energias que o compõem, para além da consciência do Ego. Estamos
juntos porque faz parte da missão que nos foi destinada e que
aceitámos, usando o livre arbítrio concedido.
É
com alegria que vivemos os momentos difíceis visto que não estamos sós. As
experiências passam a ser o verdadeiro conhecimento. Ficamos um pouco
mais sábios? Um pouco, talvez. Muito há ainda para aprender e para viver, mas
com mais confiança e mais vontade de continuar neste caminho em que a solidão
é, apenas, a condição de sermos seres únicos, parcelas de uma centelha divina
que algum dia se materializou para poder actuar na terra.
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