SORTE A MINHA
SORTE A MINHA
Considero-me
uma pessoa com muita sorte, pelo facto de ter chegado até esta idade avançada,
com a consciência ampliada o suficiente, para poder fazer uma revisão do que
foi a minha existência até aqui, e o que me tem permitido ser e estar, com a
capacidade de continuar a servir esta comunidade onde o karma me encaixou. Esse
factor permitiu-me viver tantas experiências, tantas provações, tantas
alegrias, proporcionando bem-estar aos que me rodeiam, e aos que me permitem
aprender, no processo daquele desejo da descoberta, de me aventurar no
desconhecido, nos imensos desafios que a vida me foi apresentando.
Tive a
sorte de nascer numa família que me proporcionou tantas oportunidades de viver
de acordo com as minhas tendências, ou aquelas vontades de seguir pelos
caminhos que chamavam por mim, que me foram sendo apresentados, com as
condições adequadas ao momento. Há quem diga que a sorte dá muito trabalho, e
eu acredito que, na verdade, o que nos pode calhar em sorte, exige bastante
atenção, que é preciso arregaçar as mangas, fixar o olhar nos objectivos, e
acreditar no que o coração nos diz. As vantagens que possamos ter, são os dons
concedidos, ou resultado de vivências, que nos permitem alcançar os objectivos,
que se vão propondo a cada passo, mais as provocações para a nossa força de
vontade, e o sentir profundo que possa emergir naquele instante.
Na
verdade, tive o privilégio de ter vivido em diferentes épocas e lugares,
com condições diversas, e experimentando situações que me foram obrigando a
desenvolver a minha criatividade, com algum conhecimento, usufruindo dos apoios
que, sempre se apresentaram à medida, num dar e receber que tanto valorizo até
hoje. Vivi em tempos de falta de liberdade de pensamento, mas com a consciência
de que essa liberdade tinha de estar em mim, desafiando a minha capacidade para
que não me sentisse limitada, nem presa a preconceitos, mesmo respeitando as
condições em que me encontrava. Sempre fiz o que me parecia acertado, dentro do
possível, confiando num bom senso que a minha educação me permitia, garantindo
segurança, e a sensação de que a confiança nos meus actos me oferecia. Quando a
liberdade me bateu à porta, abriram-se outras perspectivas, sendo possível
passar a usufruir desse estado, no entanto, a continuar a ter a consciência de
que sempre fui livre, e livre quero ser!
Sorte a
minha, que posso seguir em frente, com a esperança em alta e a vontade de
usufruir das oportunidades de partilhar conhecimentos, e continuar com esta
vontade de aprender o que a vida ainda terá para me oferecer, neste processo de
desenvolvimento que começou noutro tempo, e noutro espaço talvez…
Em boa companhia, sigo confiante, porque sei
que estou só, mas não sozinha, pois os que me oferecem o seu amor fazem parte
deste círculo mágico, que me permite confiar que vale a pena, estar aqui e
agora, a partilhar estas emoções, estas lembranças, captadas num momento de
introspecção, na tranquilidade que a noite, às vezes, me oferece!
OM SHANTI OM
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