SOMBRAS
Tenho andado a pensar muito nas sombras que nos perseguem quando o Sol não está a pino! Quero com isto dizer que, apesar da atenção que damos aos pensamentos predominantes, sempre surgem sombras que nos acompanham e nos fazem sentir as piores pessoas do mundo... Penso que a culpabilização que resulta da consciência do lado obscuro da nossa existência, tem a ver com a cultura em que estamos inseridos e que nos obriga a, constantemente, levar a mão ao peito, “mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa”, até que nos sejam perdoados os pecados. E pior, são os pecados por omissão!!! Aquelas boas acções que devíamos ter feito mas não fizemos. Quando era pequena, a minha mãe obrigava-me a ir à confissão pelo menos uma vez por ano, normalmente na altura da Páscoa, e eu lá ia contrafeita e preocupadíssima com o que tinha de confessar a um senhor que eu não conhecia de lado nenhum. Chegava a escrever num papel os meus “pecados” para não me esquecer, mas com os nervos atrapalhava-me sempre e balbuciava umas quantas coisas e, tanto quanto me lembro, os meus pecados maiores eram: não fazer os trabalhos de casa, ser teimosa (esse continua...) ou ser desobediente. O que me embaraçava ainda mais era esquecer-me do acto de contrição! Lá rezava as ave-marias e os padres-nossos que me regeneravam na hora... Até à Páscoa seguinte.
Mas a verdade é que, ainda hoje, sou muitas vezes assaltada pela culpa da intolerância, dos julgamentos apressados e da dificuldade em esquecer ofensas ou mágoas. Esta coisa de termos de ser perfeitos não dá descanso nenhum e é algo que temos de trabalhar todos os dias porque o que está impresso na nossa mente, salta-nos ao caminho a todo o pé de passada, e quem não tem um padre que exerça o seu poder do perdão, tem de se perdoar a si mesmo e esperar que o Karma seja benevolente com as nossas fraquezas/sombras. O Pai-nosso é um excelente meio de alcançar a Paz quando dizemos e cumprimos: perdoai as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Tenho-o sempre presente, não vá o Diabo tecê-las...
Assim seja! OM, AMEN.
Fiquem bem!
Comentários
Aprendi últimamente que o peso das culpas que carregamos é apenas 50%da responsabilidade, os outros 50% é responsabilidade do outro. Não há culpa. Há aceitar e assumir a " sua" parte de responsabilidade. Só isso.
Por vezes tb carregamos pesos dos n/pais.Se assim é,podemos fazer um ritual de visualização dizendo:"pai ou mãe, por amor carreguei isto por ti durante muito tempo. Por amor, to deixo agora aqui, pois que não é meu, mas teu." Respira fundo e faz uma vénia de agradecimento, com o coração aberto, sem julgamentos.
Devolvemos a dignidade a quem de direito e ficamos com a nossa de novo inteira.
Um abraço e obrigada pelo Pai Nosso.
Margarida.
Mas é muito difícil livrarmo-nos dela em certos momentos da nossa vida ou em relação a certas pessoas. Ela enraiza-se principalmente quando a culpa o é não só pelo que culturalmente é "certo" ou "errado" mas principalmente porque de alguma maneira a sentimos mesmo por algo que fazemos e que para nós próprios(independentemente do poder ser também para a nossa sociedade) não é correcto.
E à vezes esse peso é carregado e não nos conseguimos ver livres dele. Por muito que se queira não a sentir às vezes a culpa é o que nos prende os movimentos e nos deixa imóveis. Nem sempre os outros nos "prendem", muitas vezes a culpa sentida é a nossa maior prisão...
Por experiencia própria do que tenho vivido e sentido, na carne viva, a culpa pode ser transformada alquimicamente e de acordo com a ciência da Física Quântica; quando assumimos a nossa responsabilidade do que causou a culpa. Foi como foi. Assumir é aceitar integrar e perceber que eu não sou perfeito; integrar as imperfeições e responsabilizar-se por elas quer dizer que somos adultos.
Só quando emocionalmente ainda somos adolescentes ficamos a remoer a culpa.
É muito bom fazer formação em Constelações Familiares, com abordagem sistémica fenomenológica; método de Bert Hellinger.
6ªsábado e domingo, passados, estive num workshop que foi muito mais que isso. So´quem lá esteve os 3 dias das 10h/20h, pode perceber o que digo.
Ingala Robl, a trainer que veio do México, demonstrou, através da vivência de cada partecipante e com cada um, o que é e como é ser Único . Direitos/deveres; livre arbítrio, Vínculo Familiar; Lealdades Invisíveis...Dinâmica oculta num comportamento ou padrão repetido...
É bom não ficar no obscuro, nem na falta, na agressão ou no crime. Transformar em AMOR. Tudo é uma questão de vida ou morte que está por baixo de todas as dinâmicas. Enquanto estamos na vida devemos honrar a vida, vivendo plenamente e procurando as ajudas necessárias.
Com todo o Amor Incondicional.
Margarida.
Senhora Mestra, grato pelo seu magnifíco blog!
Porquê anónimo?!...
Os blogs, são para serem comentados ou não? Não entendo. Mas respeito. E a Mestra Maria Emília nunca necessitou de advogados de defesa. Ela diz, sem papas na língua, o que tem a dizer a cada um dos seus alunos.
A Mestra conhece a minha Alma.
Os julgamentos, são como as acções ficam com quem os faz.
Luz Infinita e Paz para os nossos Corações inquietos.
Margarida/Radha:)
Agradeço-lhe, no entanto a chamada de atenção. Pensando melhor, este não deve ser um local de partilha entre nós. Mas apenas da Mestra Maria Emília. É isso, não é verdade?!
Obrigada pela observação. Só lamento nem todos nos entendermos. Mas a comunicação é mesmo assim. Eu aceito e integro isso.
Emissor e receptor nem sempre estão em sintonia. Somos todos "canais humanos" e por isso imperfeitos.
De coração, Obrigada pela sua lição, seja lá quem você fôr, É un filho do Universo, como eu. E como as árvores, os pássaros e as estrêlas temos direito a habitá-lo.
Não farei mais comentários neste blog. Fique em paz.
Conheco bem a Margarida e se nao entendeu que a sua participacao foi partilhar de coracao aberto as suas experiencias, entao falhou em compreensao...
Agradeço a vossa atenção e continuarei a partilhar convosco as minhas vivências que julgo poderem interessar aos que passam por aqui.
Um abraço,
ME