OUTONO
Viva o Outono, portal de um tempo de interiorização! A quietude vai-se instalando, deixando o bulício do Verão como recordação de pausas ou de expansão. Os ventos sopram para que se cumpra a queda das folhas, que irão nutrir os solos, depois de terem dado cor à paisagem, campestre ou urbana. Gosto do Outono em Lisboa, pois apresenta-se, normalmente, com uma luz muito particular e uma doçura de temperamento que me agrada bastante. As folhas caídas cantam debaixo dos nossos pés, recordando-nos a inevitabilidade da passagem do tempo e do eterno retorno. Tenho o privilégio de morar e trabalhar em lugares em que as árvores cumprem o seu papel de renovação e encanto para o olhar. Acordo com o Sol a despontar, direito à janela do meu quarto e sigo o seu percurso ao longo do dia, das janelas do lugar onde partilho o que vivo e aprendo e convivo com os melros e os pardais que disputam as migalhas que os humanos dispensam. Dizem que as estações já não são o que eram, mas eu acredito que é porque...