OUTONO


Viva o Outono, portal de um tempo de interiorização!
A quietude vai-se instalando, deixando o bulício do Verão como recordação de pausas ou de expansão. Os ventos sopram para que se cumpra a queda das folhas, que irão nutrir os solos, depois de terem dado cor à paisagem, campestre ou urbana. Gosto do Outono em Lisboa, pois apresenta-se, normalmente, com uma luz muito particular e uma doçura de temperamento que me agrada bastante. As folhas caídas cantam debaixo dos nossos pés, recordando-nos a inevitabilidade da passagem do tempo e do eterno retorno.
Tenho o privilégio de morar e trabalhar em lugares em que as árvores cumprem o seu papel de renovação e encanto para o olhar. Acordo com o Sol a despontar, direito à janela do meu quarto e sigo o seu percurso ao longo do dia, das janelas do lugar onde partilho o que vivo e aprendo e convivo com os melros e os pardais que disputam as migalhas que os humanos dispensam.
Dizem que as estações já não são o que eram, mas eu acredito que é porque a natureza não se conforma, vai fluindo de acordo com o que se vai passando no mundo que os homens tão maltratam. Por exemplo, fala-se muito da falta de árvores, que é preciso poupá-las, no entanto, de onde vem todo aquele papel que enche as nossas caixas de correio de publicidade?... E o lixo que se espalha pelas nossas ruas e, mesmo pelos campos por onde pisa o homem?... A mim custa-me sempre ver deitar papéis para o chão, já para não falar das beatas que os fumadores fazem o favor de atirar pela janela dos seus belos carros. Será que fazem o mesmo em casa? Desculpem lá este desabafo! Gostava muito, neste Outono, que as consciências se ampliassem o suficiente para que o gosto crescesse com elas e, no chão, só ficassem as folhas caídas até que um jardineiro atento as colhesse para seguirem o seu ciclo de vida.
Viva o Outono!!!

Fiquem bem!

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