UMA QUESTÃO DE EGO



Tenho andado às voltas com esta questão… Esta coisa do EU, EU, EU, MEU, MEU, MEU, faz-me pensar! Sim, pensar… Não matutar…A vida permite-nos viver experiências e circunstâncias que, para quem medita, acabam por colocar questões prementes. Quem sou EU na verdade? Serei o papel que represento a cada momento, serei aquilo que me pertence, serei o membro de uma Família, amiga de Amigos e possuidora de alguns bens materiais? Que importância tem o que de mim pensam os outros? Que relação se estabelece com o meu EU, para que me sinta válida, mesmo quando de mim alguém se aproxima ou se afasta? A identificação com alguém ou alguma ideia, dá-me alguma perspectiva do que realmente sou como Ser, ou dá-me a ilusão de que sou isto ou aquilo? Às vezes, fico na dúvida… Depois penso que, na verdade, não sou nada do que pensam que sou ou que, eu própria, me julgo ser. É difícil esta questão, porque estamos constantemente a ser enfrentados com situações que nos obrigam a pensar na nossa mais valia. Essa é uma realidade inquestionável e que faz parte da nossa condição humana.
Este ano completo sete décadas de vida e cinquenta de casamento! Parece muito tempo, não parece? No entanto, sinto que estes anos passaram num ápice e que muito ficou por fazer ou inventar, e que as perdas dolorosas foram, apesar de tudo, grandes lições de amor e desapego, ficando a saudade que alimenta a memória dos bons momentos vividos nessas companhias. As amizades que se foram diluindo, também elas, deixaram o seu rastro, marcando presença no coração que, confesso, se despede desses contactos físicos com pena, mas sem dar ocasião a vazios. Somos espelhos uns dos outros e, por isso, precisamos que passem por nós almas que reflictam a nossa imagem e onde os outros também se revejam. Tenho aprendido que não somos isto, nem aquilo, somos o que somos, alma contida num corpo que se movimenta pela Vida para cumprir uma ou mais missões, escolhidas por si própria ou propostas por alguém, algures no espaço e no tempo. Quem já viveu a experiência de entrar em contacto com a alma sem corpo, pode perceber que nesse estado não há polaridades e, muito menos, Ego – o que nos permite assumir que não somos o corpo, nem tão pouco a mente! Um descanso, é o que lhes digo…
Quando dizemos que com a idade nos tornamos mais sábios, o que queremos dizer é que, cada vez mais, nos identificamos menos com o que nos rodeia. A discriminação eleva-nos a outro patamar da existência onde o que importa é SER e ESTAR! Considero que o Ego é o nosso barqueiro, aquele que nos transporta para a outra margem, mas não é o barco…Não deixa de ser útil, mas vale o que vale!
Gosto desta devoção da escrita no meu Blog. O meu Ego leva estas palavras a diluírem-se no espaço sideral, pelo simples gosto de as ver expostas, mas sem saber até onde chegam e a quem tocam.

Fiquem bem!

Comentários

Essencialma disse…
Gosto muito do seu, blog, e pode ficar certa que chega até mim!

O nosso ego dá-nos muito pouco descanso, mas sem duvida que tem o seu valor.
No entanto faz-nos por em causa muito do que somos, a maioria das vezes por medo do que os outros irão dizer e nos fazer sentir, quando expressamos a nossa unicidade.
Maria Emília disse…
Muito obrigada!É bom tê-la como companheira nesta longa e dura viagem.
Um abraço
ME

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