ESTILOS



O corpo, soltando-se, liberta-se do cansaço, perde-se no tempo e flutua no espaço onde não há dor, nem sofrimento, nem tão pouco prazer, somente um breve momento
DE NÃO SER!”

À medida que os anos avançam e a disponibilidade acrescenta tempo ao meu tempo, dedico-me a meditar, numa atitude introspectiva que me permite ampliar a consciência de modo a perceber como tem sido o meu caminho e a representação dos vários papéis que tenho sido levada a representar, e de que forma isso tem acontecido. Normalmente, quando começo a pensar em dedicar-me a estes escritos, a primeira coisa que me aparece é o título, a partir do qual desenvolvo o tema que resulta dessa síntese. Ao debruçar-me sobre a palavra “Estilos”, percebi como é importante definir modelos que fomos estabelecendo ao longo dos anos e que mais não são senão um reflexo da nossa própria personalidade e carácter. Vamo-nos formando à custa da experiência de vida e, com ela, ganhando confiança no jeito de nos apresentarmos com a condição básica com a qual nascemos, acrescida das oportunidades que nos são oferecidas para aprender o que temos para aprender.
Nasci numa família burguesa, mas um tanto ou quanto revolucionária, cujo estilo assenta na ideia de que somos seres livres e conscientes das responsabilidades pessoais e colectivas. Respeitar para ser respeitado! Para além disso, muito abertos ao que se passa à nossa volta e no mundo em geral. Essa educação, esse modo de existir, levei-a para o meu casamento e maternidade e, mais tarde, na prática e divulgação do Yoga e nas terapias que fui desenvolvendo. A formação dos filhos e dos alunos baseia-se nesses princípios, liberdade com responsabilidade e inteira disponibilidade para partilhar o que fui/vamos aprendendo. Foi-se manifestando um estilo que se tornou cada vez mais consistente e que me obriga a uma atenção constante aos desafios que encaro como meios de aperfeiçoamento próprio e colectivo. Cada um desempenha o seu papel, respeitando a hierarquia sem imposições, porque todos sabemos que somos importantes na ordem estabelecida e a solidariedade é um factor muito importante, que nos permite actuar sempre de maneira que o funcionamento das “Casas” que habitamos, seja de molde a levar a bom termo as tarefas necessárias.
Quando comecei a fazer terapia, fi-lo por perceber a sua necessidade no contexto do desenvolvimento pessoal e colectivo. Fui abrindo um espaço de encontro em que a conversa decorre naturalmente e o toque leva a que o paciente mergulhe fundo em busca do auto-conhecimento, sem barreiras nem julgamento. O corpo tem as suas razões e manifesta-se à medida da atenção que lhe podem dar, sem reservas. A confiança estabelece-se sem esforço e a descoberta do que foram ajuda a perceber porque SÃO e como são. Corpo, mente e espírito em uníssono, uma só voz a bradar a vontade de chegar mais alto e mais longe, quais Capelos Gaivotas em busca de outros bandos, outras frequências. Sim, porque não é bom voar só...
A larga experiência, e o muito estudo, levaram-me a que criasse um estilo próprio que assenta numa ética feroz e num respeito pelo ritmo e capacidade de entendimento de quantos se apresentam para receber a ajuda que estou pronta a dar-lhes. Os resultados são promissores e levam-me a acreditar que vale a pena partilhar esta forma de Ser e de Estar neste universo, material, emocional e espiritual que requer um grande trabalho sobre si próprio para que se possa ajudar seja quem for e, aprender com toda a humildade o que nos serve para SERVIR.
Os estilos estabelecidos são uma ferramenta que nos dá a confiança necessária para avançar pelos Caminhos que estão ao nosso alcance. Quando nos sentimos bem a fazer o que estamos a fazer, só pode estar certo, gozando o breve momento
DE NÃO SER!!!

Fiquem bem!

Comentários

Essencialma disse…
Adoro o seu blog...Recebe a prova lá no meu!

Namaste
Essencialma disse…
Maria Emilia, bem escrito este texto...todos aprendemos determinados conhecimentos, mas muitas vezes em ordens completamente diferentes...e o modo como o aprendemos, e a ordem como todo esse conhecimento chega a nós...faz com que cada um tenha o seu próprio estilo, ou a sua propria maneira de estar...neste mundo, que é o da espiritualidade!

Beijinhos

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