MATERIALIZAÇÃO
MATERIALIZAÇÃO
“A
materialização dos pensamentos predominantes passa por um processo de
purificação, em que vamos retirando os véus da ignorância e reconhecendo o que
está para além das aparências... Tudo o que gostaríamos de ser ou fazer passa
por uma tomada de consciência que abre caminho para a transformação desejada.”
À medida que a
idade avança e a experiência de vida nos permite olhar o mundo com outros
olhos, percebemos mais e melhor, a importância dos pensamentos que nos assaltam
a cada instante, marcando cada acção, cada passo. A meditação é sempre o meio
de ampliar a consciência e ver com
nitidez o que vai dentro do nosso Ser, em constante mutação, num processo de
desenvolvimento imparável.
Este ano em
particular, chegámos a um ponto da nossa vida em que completamos sessenta anos
de matrimónio e, eu, oitenta de vida!!! Os chamados números redondos que,
inevitavelmente, nos provocam sensações e “sentires”, chamadas de atenção para
que possamos olhar para trás e recordar um percurso que teve os seus
obstáculos, as suas quedas e, natural e felizmente, grandes momentos em que
pudemos celebrar a vida. Este reviver de lembranças nada tem de saudosismo, mas
apenas afirmar quanto estamos gratos pela oportunidade de apreciar todas as
circunstâncias em que nos foi possível ser e estar a tempo e corpo inteiro,
mesmo quando a vontade de fugir se apresentava premente… A luta e a fuga são
constantes na existência, como mecanismo próprio da autodefesa e preservação da
espécie. É sempre difícil perceber quando temos de lutar ou fugir e, muitas
vezes, fugimos quando devíamos lutar e lutamos quando o mais acertado seria
fugir! O sistema em que fomos educados nem sempre nos deixa actuar em
conformidade com o que a natureza exige e respondermos adequadamente à situação
e correspondente acção.
Avançados na
idade e com alguma bagagem em termos de experiência e sabedoria, gozamos o
prazer de ainda a podermos saborear, apreciando momentos e aceitando desafios
para que a vida não seja um aborrecimento ou uma maçada. É, no entanto,
celebrada a cada passo, por ser essa a nossa obrigação/gratidão, por sermos
ainda capazes de mergulhar no nosso eu interior e reconhecermos que valeu a
pena e que, o que vier será consequência dos nossos pensamentos/desejo e não dos desejos/pensamento.
Há muito que
fui tomando consciência de que um pensamento é a forma de captarmos os sinais
que apontam caminhos e o desejo a forma de os concretizar ou programar. Desejos
formulados, seguidos de pensamento, quase sempre desencadeiam tensões e
ansiedade, visto que fogem um pouco à realidade ou não há condições para se
materializarem. A intuição é aquilo que sabemos e sabemos que sabemos, e nada
tem a ver com os instintos primários que governam a nossa vida terrena. São
fundamentais, mas básicos!
Nestes sessenta
anos de casamento e oitenta de vida, posso afirmar que o meu sentir e a minha
determinação continuam firmes, pelo simples facto de ter um companheiro, uma
família e uns amigos que cerram fileiras, prontos para dar as mãos, lutando
lado-a-lado, com a esperança sempre em alta e a consciência de que a união na
diversidade é o factor primordial nesta passagem misteriosa que é a VIDA.
OM SHANTI OM
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