PASSAGEM

PASSAGEM…

Porque a vida é uma passagem, vamos dando aqueles passos que nos possam levar a uma maior consciência do ser e do estar em cada momento ou circunstância. O corpo manifesta-se captando os sinais que lhe permitem detectar as condições do ambiente em que está inserido e o fazem actuar em conformidade com as necessidades. O corpo é, pois, o nosso instrumento de autoperfeição e autoconhecimento e permite-nos tocar os outros com os sentidos e manifestar-lhes o nosso desejo de partilha, de comunicação para além da matéria.

Caminhar, caminhar, é uma das formas em que é possível meditar, com os pés bem assentes na terra, a respirar cada passo dado, olhando à volta para ver com olhos de ver, sentir o que paira no ar e captando aquelas mensagens que vão sendo lidas e guardadas como reserva de emoções. A necessidade de mostrar sentimentos é uma questão que se põe, na dúvida dessa necessidade ser premente ou mesmo útil. No entanto, sabemos que vivemos em sociedade e acabamos sendo espelho para quem connosco contacta aí se reflectem sensações e emoções, mais ou menos profundas. Os que de nós se aproximam passam a fazer parte de uma aura em que nela se projectam sentimentos ou desejos. Olhar nos olhos e deixar que a comunicação se dê, é uma experiência valiosa, pois permite-nos avaliar o ponto da situação em que nos encontramos e, a partir daí, desenvolvermos as acções correspondentes às necessidades do momento. O mesmo se passa quando partilhamos relatos de acontecimentos ou vivências particulares que se expressam por palavras escritas, fotografadas ou faladas. As respostas dadas, são o reflexo natural de um contacto estabelecido e passam a ser sinais onde é possível fazer uma leitura do seu significado ou interesse.

Nesta Páscoa de quarentena vivi este retiro forçado, como uma bênção, disfarçada na necessidade de usar a criatividade, a paciência e a gratidão por tudo o que tenho recebido e a oportunidade de dar na mesma medida.

OM SHANTI OM