DESEMPENHO E REPRESENTAÇÃO

 

DESEMPENHO E REPRESENTÇÃO


Na vida, todos desempenhamos personagens nas várias encenações da existência. Desde cedo aprendemos a assumir figurações, de modo a que nos seja possível actuar nos dramas familiares ou sociais, tendo na memória variados enredos, relacionados com o grupo onde nos encontramos inseridos. Podemos ser os bons ou os maus da fita, exercendo algum controlo sobre o que nos é permitido fazer. No entanto, era bom irmos mais além, desenvolvendo novas personagens, inseridas na circunstância e respeitando, nas contracenas, os outros intérpretes. Sentindo-nos seguros nesse papel, vamos expressar sentimentos, assumindo as emoções correspondentes, medo, dor ou até aqueles segredos bem guardados. Sonhos e ideias que se vão partilhando, com a certeza de uma aceitação plena e confortável.

Dar e receber será sempre o modelo ideal em todas as relações, familiares ou outras. Quando não nos sentimos bem é porque estamos a dar mais do que a receber e, essa consciência, permite-nos marcar pontos e saber, igualmente, o que a nossa atitude provoca nos outros. O sentir manifesta-se de várias maneiras e a vantagem está para quem der atenção a essa expressão do sentir alheio. As palavras, os gestos e a expressão do olhar, falam alto e a comunicação instantânea assinala o factor de autodefesa, pois lutar ou fugir é sempre apanágio de uma condição ou estado.

As sensibilidades são as mais variadas e é bom ir ao encontro daqueles com quem temos uma sintonia, com a noção de que somos seres únicos e, na nossa individualidade, podermos fazer parte de um todo. Uma visão global dá-nos a ideia dos pontos em que as forças se combinam e seja possível preencher lacunas ou oferecer o que nos sobra. Nunca se pode ter a certeza de perceber o que vai na cabeça dos outros e não vale a pena deitarmo-nos a adivinhar. As expectativas podem sair frustradas e, para saber, o que queremos saber, só através do diálogo, com disponibilidade e tempo, entregues ao momento, com toda a confiança.

A meditação é um elemento essencial para uma tomada de consciência do nosso sentir, para poder entender o papel que estamos a representar numa dada circunstância, papel que deverá estar de acordo com o objectivo ou situação. Todos precisamos uns dos outros, mas importante é saber onde encontrar os contactos adequados, aqueles que servem o propósito ou o momento. O nosso cérebro é como um gravador onde foram registadas experiências e vivências, mas convém dar atenção ao que repetimos dessas gravações, pois podem ser enganadoras. Algumas já não farão mais sentido, o melhor será descartá-las, fugindo das ideias preconcebidas!

Para que tudo aconteça com um final feliz, há que dar tempo ao tempo e exercer a partilha de sentimentos com alegria, numa entrega a funcionar como meio de cuidar dos relacionamentos, como quem cuida de um jardim.

                                               OM SHANTI OM



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