DIÁLOGO INTERIOR
Nas mais
altas esferas reinam os deuses. Os guias abrem-lhes o caminho e chegam aos
homens, tocando-lhes a alma para que possam encontrar a sua verdade. Felizes os
que vivem esse encontro!
Num momento
de pausa, gozando o jardim, captei uma mensagem/texto, num diálogo interior, em
"conversa" com o meu guia São Pedro, figura austera e amorosa,
presente na minha vida há longos anos, representando o meu Eu autoritário e
consciente, que promove o encontro das almas. Nasci no momento em que o Santo
me propôs conduzir um Grupo de Almas, destinado a trabalhar no sentido da
verdadeira paz, aquela que não precisa de bandeiras nem de armas. Sou mulher e
mãe, criada no seio de uma família tradicional e, apesar de tudo,
revolucionária. Bem-educada, respeitadora da ética, crescendo sem preconceitos
e com o apoio indiscutível dos meus, disponível para amar, considerando um
privilégio ter essa oportunidade a cada passo, até hoje.
São Pedro,
achou-me com as condições ideais para essa missão, que aceitei, apesar de achar
que seria algo fora da minha capacidade e competência e por ter a garantia das
ajudas tão necessárias como importantes. Ainda me lembro como se fosse hoje,
como tudo aconteceu! Estava em meditação, e vi-me sentada numa nuvem, quando me
apareceu o Santo, com a sua túnica branca, sandálias nos pés as barbas a
tocar-lhe o peito. Pôs-me a mão na cabeça e disse: "Há um grupo de almas
que te espera para que o acompanhes na caminhada da vida e da espiritualidade,
vida cheia e enriquecida com as próprias experiências e partilhada
integralmente." Ao que respondi que agradecia a consideração, mas não me
sentia capaz e porque tinha família a cuidar. S. Pedro insistiu, dizendo que
não podia fugir e que a minha família faria parte do processo e que estaria
sempre comigo e não se enganou. Suspirei conformada, mesmo que, ainda um pouco
renitente, afirmando tudo fazer para merecer tal honra e grande empreendimento.
E foi assim
que aterrei e daí para a frente, aceitando cada desafio, sem questionar as
capacidades, os objectivos e os possíveis resultados. Desbravei matas, aplainei
terrenos, subi montanhas, descobri grutas, mergulhei em mares revoltos e frios
e, no silêncio das águas mais profundas, encontrei arcas prenhes de sabedoria,
quais pérolas que fui enfiando num colar que brilha no meu pescoço, deixando
transparecer o gozo que, apesar de tudo, esta missão me dá e ter vivido aquele
momento.
Gozemos o
privilégio dos escolhidos e sejamos merecedores da missão transcendente que nos
vai cabendo, como humanos que somos, crianças inocentes, na alegria de cada
reencontro e crescendo sem nos sentirmos sós, pois juntos viajaremos por muitos
espaços e outros tempos. São Pedro agradece, eu agradeço e tudo está
definitivamente certo!
Naquele
recanto, saboreei os sons da natureza, ouvindo o cântico dos pássaros a
celebrar a primavera, deslumbrando-me com um rosa balouçando ao vento, enquanto
a água da fonte seguia, indiferente, o caminho que tinha de percorrer até ao lago
onde flutuavam as algas purificadoras. Estas linhas foram-me escorrendo pelos
dedos, sem pressa, o dentro e o fora e o passado e o presente a confundirem-se,
em perfeita harmonia.
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