AS QUALIDADES DA MATÉRIA

 

AS QUALIDADES DA MATÉRIA – “GUNAS”

As qualidades da matéria ou “gunas”, são três: “sattua” (pureza), “rajas” (actividade) e “tamas” (inércia). A consciência está imbuída destas qualidades que dão côr às acções: branco (“sattua”), cinzento (“rajas”) e preto (“tamas”). O yoga, como disciplina, trabalha o corpo e a mente de modo a que o estado de pureza seja alcançado, de tal maneira que as próprias qualidades deixem de ser obstáculo ao alcance da consciência pura. Liberta os praticantes do sofrimento, faz com que se possa viver em alegria e com o desenvolvimento global desejável.

O corpo liberta-se da preguiça (“tamas”), quando pratica as posturas e aprende a usar a respiração de forma adequada para entrar na descontracção ou abstracção dos sentidos, que antecede o período de grande concentração. O corpo e a mente em perfeita harmonia, sem que as flutuações do pensamento perturbem a paz. Começa-se com alguma inércia, entra-se em acção e acaba-se por atingir o estado de super- consciência. O corpo, a mente e o espírito como um TODO. As qualidades interagindo constantemente.

Até chegar a este ponto é preciso trabalhar muito, praticar e, sobretudo, não criar expectativas, nem ter ilusões. É preciso perceber que é necessário que estejam reunidas as condições para se entrar por este caminho. As experiências do passado têm um papel a dizer e contam bastante. A alma é pura em si mesma, mas as influências externas levam-na por atalhos nem sempre ideais. A experiência desta vida e de muitas outras, podem-nos levar ao conhecimento e à oportunidade de avançar ou não. É importante não esquecer que o livre arbítrio conta e que, cada um, vai escolhendo aquilo para que está preparado ou deseja alcançar. Não adianta querer ir, quando não se têm os meios, a preparação e a vontade para lá chegar. A prática constante, a perseverança e a humildade são as forças que alimentam a transformação e o progresso. No entanto, nunca é demais salientar que este trabalho requer um acompanhamento, para que o praticante não se perca e se sinta protegido e confiante. É, pois, indispensável, estar num círculo de energia (satsanga), onde as qualidades da matéria tenham a medida das necessidades daqueles que nele se acolhem.

 

 

PRANA E RESPIRAÇÃO

“Prana” (energia vital), como princípio da vida, é a respiração que se manifesta em todos os seres. Podemos dizer que, respirar é viver e viver é respirar. O tempo de vida mede-se pelo número de respirações e, quanto mais lenta for, mais longa a vida. Os animais que respiram poucas vezes vivem bastante mais do que aqueles que, como nós, respiramos mais aceleradamente.

Através da respiração a energia circula, é absorvida pelo sistema biológico e a capacidade de concentração aumenta, na medida em que controlarmos o ar que entra e que sai. Os exercícios respiratórios no Yoga (“Pranayama”) fazem parte das práticas, pois ajudam ao estado de saúde e são muito importantes para a meditação e uma maior tomada de consciência, regulando as próprias emoções. À medida que vamos praticando, a capacidade dos pulmões aumenta, a ventilação passa a ser excelente e a nossa atitude perante as circunstâncias muda substancialmente. O oxigénio é o principal alimento do cérebro, podendo-se afirmar que a respiração é o fio condutor da mente e está presente do primeiro ao último suspiro!

Tomemos, pois, consciência da respiração, observando o ar que entra e o ar que sai, sem esforço e a promover um estado de calma, tornando positivas das acções de cada dia, sabendo que o modo como respiramos é único, muito pessoal e particular. As qualidades da matéria melhoram consideravelmente e podemos seguir com o processo evolutivo natural.

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