EM SILÊNCIO NOS ENCONTRAMOS...
EM SILÊNCIO NOS ENCONTRAMOS
Dado o último passo, as memórias ficam como marcos dum caminho e
do que partilhámos, levando consigo a energia deste grupo de almas, mantendo
bem viva a ideia que presidiu à criação deste espaço de encontro - Satsanga.
Neste tempo de silêncio, estou a deixar assentar a poeira que esta
etapa desencadeou para, por fim, poder olhar em frente e perceber, exactamente,
a razão que me levou a tomar este caminho, depois de ter dado os primeiros
passos no yoga, como filosofia de vida, ser e estar aqui e agora. Trouxe comigo
as minhas próprias experiências, a minha educação e estructura familiar, a
capacidade de uma entrega total a um projecto, sem expectativas, mas sabendo
que o que importa mesmo é o sentir profundo, aquela verdade a mostrar-me a luz
a apontar para o caminho a seguir. Os desafios, as dúvidas e as desilusões a
fazerem parte do processo de desenvolvimento pessoal e colectivo, a não saber
que sabia e a despertar uma consciência, tantas vezes, surpreendente e
assustadora.
Viver na matéria e numa sociedade materialista, não se compadece
com sonhar ou as utopias. No entanto, sempre me valeu manter os pés bem
assentes na terra e confiar nas ajudas, divinas ou terrenas, que foram chegando
a pedido. Fui vencendo a minha notória timidez, talvez resultante de uma certa
dose de falta de autoestima, por ter tido modelos de grande exigência, na
família de origem. O yoga foi aquela luz que me tocou e me fez olhar à volta e
ver a minha imagem reflectida nos olhos dos que de me mim se foram aproximando,
levando-me à descoberta da minha identidade, acima daquela em que me
apresentava como mulher e mãe.
Algumas circunstâncias da vida puseram-me à prova, mostrando-me à
saciedade, a importância de acreditar no meu sentir, com a inteligência
emocional suficiente para me servir dos ensinamentos do yoga, oferendo-me os
meios de conseguir ultrapassar obstáculos, dores e inseguranças. A ampliação da
consciência, a determinação e a paz alcançada, permitiu-me acreditar valer a
pena partilhar o que somos e o que temos, dando com a mão direita, sem que a
esquerda soubesse e fazendo de cada dia um acto de amor! Quantas vezes tive
vontade de baixar os braços ou de fugir, pois o que foi nascendo, tornava-se
imenso e, aparentemente, fora do nosso alcance ou competência…
A energia desenvolvida ao longo dos anos, foi-se materializando no
espaço de encontro – Satsanga - e a sua actividade cumprindo o melhor possível,
num tempo que foi o necessário para formar os que por lá passaram, e poderem
tornar-se autossuficientes, com o que aprenderam e vivenciaram. A liberdade é
um factor que prezo especialmente e as dependências são apenas as que fazem
parte dos afectos gerados naturalmente.
Neste tempo de silêncio, procuro voltar a encontrar-me e deixar
que os meus deuses continuem comigo a partilhar emoções e conhecimentos, de
modo a proporcionar bem-estar a quem está neste grupo de almas sós, mas não
sozinhos, todos diferentes, mas todos iguais, na vontade de continuar a viver
em estado de graça.
Neste tempo de silêncio só me resta dizer que estou aqui,
disponível, atenta e, especialmente, grata a todos e por tudo!!!
OM SHANTI OM🕉️
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