LUZ, APESAR DAS SOMBRAS
De vez em quando, vou
percorrer as páginas dos livros que consegui publicar ao longo dos anos, com as
ajudas possíveis e o interesse que a minha escrita podia, eventualmente, ter. Tudo
o que faço chegar à luz, é fruto dum sentir e das emoções que as circunstâncias
desencadeiam. São sempre momentos de grande reflexão e resultado das meditações
a que me entrego e, estas leituras, acordam memórias e a vontade de nova
partilha. Os que, por ventura, têm alguns desses livros, também podem reconhecer
esses momentos, em que os sentimentos se manifestam sem pudor.
Aproveito para agradecer os que por aqui poisam o seu olhar
e se reveem neste “espelho”…
OM SHANTI OM
LUZ,
APESAR DAS SOMBRAS
“Que
deus faça de mim, quando eu morrer, quando eu partir
Para o país da luz, a sombra calma dum
amanhecer”.
Florbela
Espanca
IN "QUEM CONTA UM CONTO…”
No
céu brilham as estrelas que vão apontando caminhos. São pontos de luz que se
eternizam para além da sua existência. Olho, então, o céu e vislumbro na noite
escura a esperança de ver chegar aquela estrela resplandecente que, no seu
fulgor, faz de cada dia uma vida vivida na plenitude do amor. Passo a passo, na
direcção certa, sigo com as estrelas que morrem e, no entanto, continuam a
brilhar.
Problemas familiares graves, puseram-me à prova e
demonstraram à saciedade as vantagens do Yoga como filosofia e meio de
encontrar um equilíbrio que se apresentava instável a nível afectivo e
emocional. A vida é como o arco-íris, tem todas as cores e apresenta-se quando
a tempestade se anuncia. Manter uma visão clara nos momentos difíceis é um
factor decisivo para não nos afundarmos ou deixarmos de lutar pela nossa
sanidade mental e prosseguir com os projectos que, de certo modo nos
transcendem e, talvez por isso, nos apaixonam.
Confesso-vos
que, até hoje, me surpreendo com a capacidade humana em ultrapassar situações
que fogem ao controlo imediato e consciente. Se calhar escapamos a tormentas
porque há um Karma a cumprir e, por
isso, os Deuses nos emprestam as ferramentas adequadas à nossa salvação e
fornecem, igualmente, o ânimo que nos permite avançar apesar de tudo.
Os anos oitenta foram muito violentos, muito fortes, muito,
muito para além de Bogotá em termos de vivências e circunstâncias; umas
péssimas e outras excelentes, desafios à minha sensibilidade e capacidade de
gerir o que se apresentava no trabalho que tinha em mãos e na minha vida
pessoal. Ao decidir contar-vos estes contos, já sabia que, mais tarde ou mais
cedo, havia de chegar a esta época e, sem a deixar em branco, não queria vir
para aqui como judeu no muro das lamentações. Tudo o que vivi, e vivo, faz
parte do meu processo de desenvolvimento e serviu, e serve, como forma de
aprendizagem. Como ninguém nos ensina nada, porque somos nós que aprendemos,
posso afirmar sem falsas modéstias que fui uma boa aprendiza. Chegar aonde
cheguei, como uma sobrevivente sem mágoa ou revolta, só poderia ter acontecido
com todas as ajudas que me foram disponibilizadas e com uma Luz que consegui
manter sempre acesa, apesar de tudo e de todos.
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