SEPARAÇÃO

Quando temos de viver uma separação as emoções disparam, é difícil compreender as razões que levaram a essa situação e fica muito complicado gerir a comunicação, que ficou, naturalmente, emperrada pelas próprias circunstâncias e os conflitos que não são, propriamente, produtivos. O afastamento físico só resulta em afastamento de outra ordem, quando os caminhos não são feitos com o mesmo passo, o que pode acontecer em termos duma evolução. Ao longo dos anos, tive de me desligar de pessoas com quem tinha grande empatia e uma ligação afectiva natural, pois foram desenvolvidos muitos aspectos no processo de desenvolvimento, pessoal e colectivo, num trabalho em conjunto, que pressupõe a liberdade, um entendimento sem dependência. Podemos estar ligados, sem estarmos presos a compromissos que nos impeçam de viver e, quando isso acontece, tem de se dar a separação.

O caminho percorrido nessas relações tem a sua história e, como todas as histórias, viveram-se momentos lindos e outros mais esforçados. O fim duma etapa prepara-nos para a seguinte, com amor e a disponibilidade total. O meu envolvimento com as pessoas é sempre feito sem segundas intenções, de coração aberto e, o modo como funciona, tem-me permitido ganhar a confiança e a amizade de tantos quantos me foram batendo à porta. Procuro fazer a separação entre trabalho e família, pois é muito difícil conciliar as duas, sem que uma delas fique mal, embora não o consiga completamente, uma vez que acabam por se viver experiências e emoções por contacto ou afinidade.

Gosto muito do que faço, de ser e estar presente, de ir partilhando o pouco que sei, enquanto valer a pena, neste meio denso e hostil em que vivemos. A natureza segue, moldando-se, transformando e adaptando-se e, as circunstâncias provocadoras dum caos, têm o seu papel motivador e impulsionador. Os rios chegam ao mar ou se perdem nos caminhos poeirentos. Há muito que fazer e a unidade de esforços é necessária, apesar da individualidade ser um factor natural. É bom acreditar na solidariedade sem apego, para que o mundo seja mais habitável e cordial e a troca de experiências e vivências uma mais valia importante.

O livre arbítrio é um bem estimável e cada um deve ser e estar de acordo com a sua natureza e ideal. Os ciclos de vida e morte integram-se no esquema do infinito ser. Não podem ser questionados nem parados! O amor continuará sempre a ser o meio que nos serve para chegar onde temos de chegar e, cada separação, será um novo ponto de partida para continuarmos com a missão que nos cabe e para a qual nos preparamos à chegada ao mundo, onde temos de prosseguir até à realização final, sem arrependimentos nem desculpas, por não ter correspondido aos anseios, próprios ou alheios.

OM SHANTI OM



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