A NOITE COMO CONSELHEIRA
A NOITE COMO CONSEHEIRA
Nunca fui muito noctívaga, sendo as manhãs a prometerem-me
as acções que iriam preencher o meu dia, nos afazeres domésticos ou de natureza
diversa. Ao acordar, começo sempre por ter consciência da condição, do meu
sentir, sabendo quanto é importante estar em plena forma, física e mental, para
me desenvencilhar das tarefas agendadas ou aquelas que, por ventura, vão
acontecendo inesperadamente ou a fazerem parte de algum programa estabelecido.
Gosto especialmente do ritual do pequeno almoço, antecedido pela fruta fresca
que como, sentada à janela da varanda da cozinha, ligando o meu telemóvel para
ficar a par das notícias, de algum recado ou a distribuir as mensagens que
partilho com o grupo de almas que faz parte do círculo de energia onde me
encontro.
Os dias seguem, normalmente, tranquilos a cumprir os
objectivos propostos duma vida em que os trabalhos são puramente domésticos,
visto que estamos reformados por inteiro e os trabalhos são de pouca monta,
para além de sentirmos a importância de termos ocupações de algum interesse, a
manter lucidez de espírito e algum exercício físico, nos passos que damos nas
compras ou em passeios programados, em que procuramos desanuviar. Felizmente
temos o privilégio de viver numa zona bastante arborizada e com bastantes
parques acessíveis. Durante a pandemia, tivemos ocasião de ir à descoberta
desses pontos de interesse, desconhecidos alguns até aí. Já se sabe que a
escrita é um dos meus escapes, por ser um meio mais fácil de comunicar os meus
sentires, ou quando sinto necessidade de partilhar experiências ou vivências
específicas, que possam ser úteis aos que costumam ler o que coloco nos meus
blogues e nos apontamentos que passo via telemóvel. Publiquei alguns livros,
mas agora já não se justifica fazê-lo, dada a facilidade que a tecnologia nos
oferece, assim, continuo oferecendo estes textos como forma de servir esta
comunidade, que verifico estar atenta e a manter contacto comigo de alguma
maneira.
Quando a noite se aproxima, preparo-me para ir para a cama quando
vejo chegar o fim do dia. Quase sempre me deito a ouvir rádio, até que me venha
o sono. Se o dia tiver sido animado e com ocupações suficientes para haver
algum cansaço, o sono acaba por tomar o seu lugar! A meio da noite pode, no
entanto, acontecer acordar para satisfazer uma necessidade e, então, espantar o
sono. É uma coisa que surge, principalmente quando “recebo” muita informação
nas meditações, e tenho mesmo de dedicar um tempo a sintonizar com aquilo que
me está a chegar ou que tenho para resolver.
Deixei de me preocupar e a não chamar insónia a esta condição, pois logo
que sinto estar calma e leve, volto para a cama e durmo o suficiente, com a
facilidade de não ter compromissos urgentes e poder acordar um pouco mais
tarde.
A noite acaba por ser a minha conselheira, porque no
silêncio oiço melhor o que os meus deuses têm para me dizer e a minha mente se
torna clara, com o pensamento a fluir naturalmente. Durante o dia há muita
agitação no ar, por isso é mais difícil comunicar ou transferir ideias. Quando
me pedem ajuda, é mais fácil a concentração no sossego da noite, e os
pensamentos correm ligeiros com as imagens propostas para o fim à vista. A
troca de informações com os que estão nesta sintonia é quase mágica e o
resultado bastante eficaz, segundo a minha experiência ao longo dos anos em que
tive sempre essa prova. Também me pode acontecer uma palavra começar a aparecer
insistentemente na minha cabeça e, nessa altura, já sei que é sinal de que
tenho de desenvolver uma ideia sobre o tema proposto. Logo que me submeto, e
aceito esse desafio, é certo que a escrita começa a fluir e as palavras ganham
um significado e uma importância que está para além do meu próprio desejo. Foi
exactamente o que me aconteceu esta noite e, aqui, vos deixo estas linhas que
passo com amor e o desejo de que faça sentido o que acabo de partilhar
convosco, tendo contado, uma vez mais, com a noite como boa conselheira… E,
agora, posso dormir descansada e feliz!!!
OM
SHANTI OM
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