QUEM CONTA UM CONTO...

“O ENCONTRO DAS ALMAS FAZ-SE À SOMBRA DUMA
ÁRVORE FRONDOSA, COM A RAÍZES BEM ASSENTES NA TERRA.
OS FRUTOS SACIAM A FOME E A SEDE DE APRENDER.”



CONTINUANDO...

Disse que tinha começado um namoro que acabou em casamento e é isso que vos vou contar agora.
Quase a fazer dezoito anos, fui acompanhar uma amiga a um baile no CNOCA (Clube de vela da Marinha, no Alfeite). Nesse tempo as raparigas não iam sozinhas aos bailes, principalmente quando havia algum rapaz na esteira... Não sou, não era, muito dada a actividades dessa natureza, embora gostasse de dançar, mas não foi grande o sacrifício pois a amizade é um valor que preso especialmente e a minha amiga estava, naturalmente, entusiasmada com a perspectiva dum possível namoro. Por acaso (será que existem?...), acabou por vir dar em casamento que, como o meu, dura até hoje! E, não é que, nesse baile, me foi apresentado um rapaz que insistiu em dançar comigo?... Já adivinharam?... Ainda hoje, passados 50 anos, continua a ser meu par, agora, nas danças da vida. A esta distância, a estória tem foros de romântica e, talvez, seja realmente. Tomando em consideração as regras antigas, o meu pretendente teve de pedir ao amigo interessado na minha amiga, que mo apresentasse, senão, nada feito!...
A partir desse dia, fui “perseguida” até aceitar o pedido de namoro e, esse sim, foi, de facto, romântico pois foi feito num passeio de barco à vela no Tejo. Confesso que, muito embora desconfiasse do interesse, que fui surpreendida e, mesmo, assustada com tão repentina ideia. Começar um relacionamento sem grande conhecimento mútuo não estava nos meus planos. Acabei por aceitar o desafio (cá está o velho impulso). Formalizámos o assunto no dia em que fiz 18 anos, com o consentimento dos meus Pais que, para além de respeitarem o meu desejo, também, acharam o rapaz simpático. O convívio com jovens sempre foi apanágio dos meus Pais, principalmente, da minha Mãe, ela própria bastante jovem de corpo e espírito, para além de ser muito sociável, bem mais do que eu que tinha fama de bicho do mato.
O namoro seguiu tranquilamente, com um misto de liberdade e alguma vigilância, de acordo com os preceitos da época. Ao fim de seis meses, o meu namorado anunciou-me a sua vontade e disposição de ir em comissão para a Índia, então, Portuguesa, pois isso seria uma mais valia para a sua carreira e uma oportunidade para ganhar mais. De notar que, nesses tempos, os oficiais de Marinha não eram diferentes do resto da população no que respeita a salários. Ganhava-se mal e as comissões representavam um aumento desse pecúlio por via da deslocação. Escusado será dizer que foi um choque esta notícia e até me passou pela cabeça acabar o namoro por me vir à lembrança os anos de separação quando o meu Pai voltou para África e nós tivemos de ficar por causa dos estudos. Essa circunstância pesou bastante na minha adolescência, apesar da minha Mãe ter sido um grande “Pai”.
A verdade é que acabei por me conformar e aceitar as boas intenções da vontade de partir e, quando chegou a hora, estava bem longe de me passar pela cabeça as consequências dessa longa viagem!... Fiquemos por aqui hoje. Para a próxima vos contarei o que se passou a seguir. Fiquem bem, vivendo as vossas estórias.

Um abraço,

Maria Emília

Comentários

Aldina Duarte disse…
que bonita esta sua ideia, maria emilia, partilhar a sua história que, quer pela sua escrita quer pelas suas experiências, me desperta o maior dos interesses, "à laia" das mil e uma noites... estou muito feliz não ocntava com este seu blog, quando tirei a morada julguei que fosse menos personalizado, sinto-me previlegiada por descobrir o seu blog e por saber a benção da sua existência na vida de muitos de nós. Obrigada, Maria Emília!
Maria Emília disse…
Agradeço a vossa atenção. Cada comentário que valorise os textos, é bem vindo.

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