A MINHA EXTERIOR EVOLUÇÃO...





“A Vida é a minha exterior evolução... e
a minha interior revolução.”



Tal como vos disse, a vontade de aprender mais e melhor levou-nos para bem longe, o País de Gales, onde aterrámos no dia 15 de Agosto de 1977!!! Este destino foi a nossa escolha intuitiva, baseada igualmente, num certo bom senso. Como tinha estudado em Londres, conhecia a mentalidade Inglesa, por isso, escolhemos uma organização apoiada pela Câmara local, o que sempre garante alguma respeitabilidade. É preciso não esquecer que o Yoga era, então, pouco conhecido e muito associado à forma “hippie” de viver e, portanto, com uma certa aura negativa (drogas, álcool e Rock & Roll…). Felizmente, a nossa família confiava em nós, mesmo que alguma preocupação pairasse no ar. Rumámos, então, a Londres e, de lá partimos de comboio para o País de Gales, ou seja Cardiff. A viagem foi bastante tormentosa porque, para além duma greve da TAP que atrasou o nosso voo, apanhámos nevoeiro à chegada o que nos levou a aterrar em Paris até que passasse esse clima e para conseguirmos apanhar o comboio tivemos de correr como loucas. Desembarcámos em Cardiff sem ter a mínima ideia onde ficava a Duffryn House! Confiámos num motorista de táxi que, de pronto, nos levou, por fim, ao nosso destino.
Mal saímos do carro, fomos surpreendidas pela beleza do local. Um parque lindíssimo e um palácio medieval que nos deixou quase sem respiração! Mas, é preciso ver que, depois do que havíamos passado na viagem, merecíamos tal recompensa… Chegámos mesmo a tempo do “tea-break”, por isso, a recepção foi calorosa; a verdade é que fomos praticamente assaltadas, principalmente por um grandalhão que, ao longo dos dias acabou por ser nosso companheiro em todas as refeições. Depois do cházinho que nos soube muito bem, seguimos para a sala de aula. Não pudemos participar em termos práticos porque não tínhamos tido tempo de mudar de roupa e não queríamos perder nada. As primeiras impressões foram excelentes e o Dr. Dasarathy, um indiano de 35/40 anos encheu-nos logo as medidas e entrámos facilmente na sua sintonia. A sala era pequena e o grupo era constituído por 22 pessoas que se sentavam em semicírculo. O Dr. Dasarathy começava por explicar as posturas e para que parte do corpo se destinavam e, em seguida, exemplificava com mestria. Depois formavam-se dois grupos e um de cada vez repetia o que havia sido demonstrado. Apesar do grande cansaço, conseguimos acompanhar a classe sem ficarmos mal vistas. O trabalho prolongou-se até depois das seis; seguimos para o nosso quarto para nos refrescarmos com um belo banho e estarmos, mais ou menos, em forma para o jantar às 7 horas. A seguir ao jantar, assistimos a uma passagem de”slides” de posturas (Asanas). Chegámos à cama a cair de podre pois não havíamos pregado olho há 24 horas. Dormimos regaladas até às 6 da manhã e, às 7.15 h estávamos na rua a fazer um passeio em silêncio. Como o parque era grande e lindo de morrer, cada um seguia por onde lhe dava na gana, absorvendo o ar puro e toda aquela beleza, tendo sido surpreendida por um esquilo e uma lebre que por ali andavam na maior liberdade. Antes do pequeno-almoço tivemos uns exercícios de aquecimento, já dentro da sala (Saudações ao Sol, e mais umas posturas). Tomámos o pequeno-almoço à inglesa e, deixem que vos diga que aquela gente come bem!!! Trabalhámos até às 11 e, na hora do chá aproveitámos para contactar com os nossos simpáticos colegas, trocar impressões com o Mestre e dar uma vista de olhos por alguns livros em exposição.
A meio da semana, tive o momento mais alto do curso. Estávamos a praticar uma postura de meditação, específica para controlar a energia sexual (Rishi Asana) através da meditação e, pela primeira vez, senti o que era meditação! Se não estivesse prevenida e bem acompanhada, tinha-me assustado… Logo que cheguei à dita postura, comecei a concentrar-me na respiração e esta, ganhando velocidade fez com que o fluxo energético subisse por mim acima! Toda a parte superior do tronco, a partir do Chakra do coração, parecia ligada à corrente e as batidas do coração eram fortes, mas muito espaçadas e as mãos transpiravam. Sentia-me leve e, ao mesmo tempo, fora do corpo, feliz, em transe (estado alterado de consciência).
A minha amiga, que estava ao meu lado, ficou um tanto ou quanto preocupada quando começou a ouvir a minha respiração acelerada. Depois de sair da postura, o que fiz com alguma dificuldade por me sentir agarrada àquela sensação, as mãos estavam molhadas e a tremer, tendo-me assaltado uma enorme vontade de chorar, uma emoção tremenda que não esquecerei jamais. Falando com o Mestre, ele mostrou-se agradavelmente surpreendido com a minha experiência. Depois do que me aconteceu, uma página da minha vida virou para entrar num capítulo que me entusiasmou e, ao mesmo tempo, me assustou pois, logo ali, antevi um longo e árduo caminho.
Aquela semana marcou-nos particularmente visto que aprendemos muitíssimo e vivemos experiências inesquecíveis. O grupo era bastante homogéneo e, pessoalmente, acabei por fazer amizade com uma rapariga que me ajudou, na medida em que nos pôs em contacto com organizações de Yoga como a British Wheel of Yoga, da qual me fiz assinante para receber informações sobre cursos futuros. A nossa vida mudou definitivamente e a dinâmica desencadeada tornou-se imparável!!!
Até à próxima. Fiquem bem.

Comentários

7 Feet Under disse…
Olá de novo! Confesso que fiquei bastante impressionada com este seu último post... admiro muito o seu espírito aventureiro e imparável! Fez o que muita gente da minha idade gostaria de fazer... uma viagem à procura de emoção... mas (in)felizmente o instinto maternal e protector da minha mãe parece que tem vindo a crescer ^^
Parabéns, continue!
Saudações amigas...
Maria Emília disse…
Minha Querida Lady B
Obrigada pelo entusiasmo. De facto tenho um espírito muito aventureiro, mas sempre com responsabilidade e bom senso. Ainda és muito nova e, por isso, a tua Mãe te protege, embora eu saiba que há mães que exageram... Os tempos de hoje também são mais inseguros. Os meus filhos podiam andar sozinhos mais à vontade e os meus netos, da tua idade, já não têm a mesma facilidade nesse campo. As minhas estórias vão avançando ao ritmo da minha disponibilidade e inspiração. É um gosto comunicar com quem nos entende.

Beijinhos e tudo bom
Aldina Duarte disse…
Fico muito curiosa com o desenvolvimento da prática do yoga na vida duma mestra, hoje em dia, à época deste capitulo da história uma discípula, e fiquei com vontade de conhecer esse sitio que deve ser espantoso!?

Beijos!

Até à próxima esperiência versus lição de vida!

beijinhos
Maria Emília disse…
A aristocracia do Reino Unido tem por hábito legar os seus palácios para fins sociais.De facto, aquele lugar era absolutamente mágico. Tivemos imensa sorte na nossa estreia de viajantes do "espaço".
Beijinhos e tudo bom!

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