REVOLUCIONÁRIOS E DESCOBRIDORES







Lisboa, 19.04.98

Maria Emília,

Claro que quero falar-te. Tens um caminho de Luz. Nesse Caminho, aqueles passos ou momentos que, de repente, te surgirão mais obscuros significam que tens de confiar ainda mais em ti e no que fazes. É difícil caminhar sem um livro aberto que te dê directrizes. O caminho que segues é de espontaneidade. Nada está decidido, embora tudo esteja já delineado por ti própria antes do nascimento. Cruzámo-nos já várias vezes em várias existências, próximas e não só. Tenho acompanhado o teu trabalho sempre, pois sou um Mestre neste estado em que me encontro. Esse trabalho estás tu a executá-lo como um cargo. Seguidamente será continuado, como eu e tantos outros, fora da matéria. Decidiste actuar no campo físico pois esse mundo ensina-te a transmitir o Amor, a criá-lo em obras que, aparentemente, nada têm a ver com ele. Ensinas o Amor e os outros a encontrarem-no dentro de si próprios. Eu ensino a pensar pois no meu campo de acção projecto questões cuja resposta terá que ser encontrada através de um pensamento claro e inteligente. Embora sejam vias diversas trabalhamos para o mesmo; tudo o que é equilíbrio entre o Pensamento e o Saber. Nele reside o Conhecimento. Ambos caminhamos na sua direcção, sabendo que a resposta nele encerrada é a alegria que sentiremos penetrar em nós. O que te estou a dizer é dito para que compreendas ou sintas mais claramente qual o teu trabalho, para que o faças e com quem o fazes. Actuar no mundo material, embora implique respostas visíveis, engana pois nessa visibilidade nem sempre surge a dimensão da obra. Esta é vista noutro plano, aquele onde eu actuo.
Somos irmãos e seguimos no caminho da Luz. Confia Irmã.

SETH

Esta mensagem foi canalizada pela minha amiga e discípula Paula (Umabel), num momento em que algumas dificuldades se apresentavam mais prementes. Achei oportuna como introdução à etapa que se segue, uma viragem na minha vida a todos os títulos surpreendente e com consequências inesperadas, tanto para mim como para tantos quantos sofreram a influência dessa mudança.
O Mestre Seth dizia-me para confiar. Confiar será, talvez, das coisas mais difíceis e complexas de acontecer, pois implica auto-estima e, em simultâneo, submissão o que pode parecer confuso... A auto-estima é a confiança em si mesma e, a submissão uma continuidade nessa atitude. Quando vivemos experiências transcendentes ou que escapam ao entendimento comum, questionamos o privilégio concedido até percebermos que esse privilégio vem acompanhado duma responsabilidade e uma necessidade de aceitação. Passamos a ser instrumentos de acções que estão muito para além do Ego. Apesar de “saber” que me disponibilizei para uma determinada missão, a minha natureza humana nem sempre tinha/tem a vontade de prosseguir com o ânimo necessário. Viver na matéria é um assunto que não escapa a cansaços e dúvidas... Mas o impulso para continuar é suficientemente forte para que o tempo de pausa seja breve. As ajudas sempre chegam no momento certo e, como vos disse já, funciono por impulsos, sendo a espontaneidade uma característica que me tem acompanhado ao longo da vida. Quantas vezes fazemos coisas por impulso sem saber porquê nem para quê, mas com um sentimento de segurança que não se compadece com a razão mais razoável!...
Cheguei ao Yoga sem saber o que me esperava, no entanto, o que senti desde a primeira hora só o consegui definir por palavras bem mais tarde. Há sensações que vão ganhando forma à medida que vamos mergulhando num processo que se apresenta como um desafio, ao mesmo tempo excitante e assustador.
Aquela amiga que conheci em Goa, tinha estado nos EUA com o marido e foi lá que teve conhecimento desta prática. Sabendo que havia aulas no Ginásio Clube Português, apressou-se a inscrever-se. Em conversa falou-me do seu entusiasmo pela descoberta do valor desta prática e eu deixei a ginástica para a acompanhar. Janeiro de 1974, marcou o início daquilo que considero um dos grandes passos da minha vida, para além do casamento e dos filhos. Sinceramente, a experiência que fui adquirindo, ultrapassava o meu entendimento. É preciso que se diga que, nesses tempos, a abertura de espírito reinante por estas paragens do Globo, era praticamente nula e, por isso, as sensações passavam muito pelo bem estar do corpo físico que, naturalmente tinham o seu reflexo na mente e nas emoções. O porquê destes efeitos mais profundos não nos era explicado, e falar do espírito era absolutamente proibido!!! Espírito era o mesmo que espiritismo, algo condenado pela Igreja Católica predominante. Felizmente, logo a seguir deu-se o 25 de Abril e tudo mudou, mesmo que lentamente. O processo tornou-se imparável para Revolucionários e Descobridores.

Comentários

Aldina Duarte disse…
Obrigada! Obrigada! Obrigada! Era tudo o que eu precisava de ler, sentir e reflectir nesta altura que estou a viver. Não estou nem um pouco surpreendida, perdoo-me a imodéstia?, com o contexto desta oportunidade exacta de ouvir/ler o que mais necessito para continuar a disfrutar da paz e da alegria de certas conquistas minhas e de muitos que estão directa ou indirectamente ligados a mim e ao meu trabalho, acho sempre natural tudo o que me vem de si Maria Emília!
Eu tenho sempre muitas dúvidas por saber o muito que está e estará sempre por conhecer e aprender, ainda que este traço vincado do meu carácter seja acentuado tenho aprendido consigo e com a sua obra a viver sendo assim com a paz, a alegria e as inquietações próprias deste meu espírito!

beijos!
Maria Emília disse…
Querida Amiga,
Pertencer a um Grupo de Almas faz com que o entendimento seja natural e a partilha uma consequência óbvia. Sinto-me feliz sempre que me vejo e revejo nos meus pares. Um grande abraço e continue a viver com paz e alegria este momento que, com esforço, conquistou!

Até breve
OM SHANTI
Anónimo disse…
Apesar de me sentir ainda no inicio de uma longa caminhada de transformação, tenho que lhe agradecer por ser uma fonte tão grande de admiração e inspiração.
Muitos beijinhos
Marta Figueiredo
Maria Emília disse…
Cada etapa que se começa é um estimulo que nos leva à descoberta de quem somos, como somos e para onde vamos. Penso que é isso que vale a pena na vida.

Beijinhos e tudo bom

OM SHANTI
Anónimo disse…
Minha Querida

Fiquei muito emocionada quando reli as palavras de Seth.
É tão bom ter companhia!
Bjs

Paula
Maria Emília disse…
Estas companhias chegam sempre que estamos disponiveis e lhes abrimos as portas. Tem sido bom este contacto com o passado que se vai fazendo presente e futuro.

Beijos

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