INAUGURAÇÃO



Chegou, por fim, o grande dia (7 de Outubro de 1986). A sala ficou toda enfeitada pela Sita que tem um gosto especial para estes arranjos como podem ver pelas fotos que vos apresento. Começámos com uma meditação, seguida de demonstração da Saudação Sol, uma das praticantes de Almada cantou e terminámos com um belo lanche constituído, como sempre, por fantásticas e generosas iguarias trazidas pelas pessoas. O entusiasmo animou-nos nesta nova etapa e esse entusiasmo dura até hoje, apesar de termos atravessado períodos de grandes problemas. O prédio muito antigo, com a maioria das casas sem recuperação adequada, teve como consequência fazer-nos sofrer de inundações constantes que nos obrigaram a arranjar soluções e acudir sempre que a chuva nos entrava pela casa dentro já para não falar da má vontade de alguns vizinhos menos entendidos nestas matérias ióguicas.
Valeu-nos a solidariedade de muitos fiéis praticantes que ora nos emprestavam um aspirador para tirar água da alcatifa, ora nos ajudavam a limpar e a recuperar dos estragos. Este Karma da água durou bastante tempo e a um grande despendio de energia e de dinheiro para irmos controlando a situação. Mas o espírito reinante foi suficiente para que nunca tivéssemos parado de trabalhar com a mesma alegria e competência. Confesso que eu própria me admiro como foi que ninguém se foi embora por ter de atravessar uma sala com plásticos no chão e húmidade no ar!!! Conseguimos manter-nos centrados e não deixar que as circunstâncias nos abatessem, apesar do esforço que isso representava. Sempre que o tempo ameaçava chuva, lá íamos nós de corrida para ver o que se tinha passado... Chegava a ser cómico, a meio duma aula irmos todos a correr para pôr baldes na sala pequena e depois voltávamos para continuar com os trabalhos. A minha filha, na brincadeira, dizia que eu tinha de ir para Cabo Verde a ver se lá caía água... A coisa só parou quando a vizinha de cima e o do prédio ao lado, fizeram obras. Sempre que chove com força, tenho de afastar o pensamento daquelas memórias.
Com tudo se aprende e acreditem que aprendi bastante, sobretudo a paciência e a tolerância, já para não falar na ideia de que nada, nem ninguém, me faria desistir do que estávamos a construir. Tal como tinha acontecido em Almada, muita gente passou por este espaço, deixando a sua mensagem e a sua sabedoria, aumentando os nossos conhecimentos e ampliando a nossa consciência de forma criteriosa e com toda a segurança. Fomos desenvolvendo o nosso Ser o nosso Estar e afirmando um estilo de comportamento que foi criando marca. A persistência é um dos factores principais para se alcançaremos os objectivos propostos e quando está em causa as pessoas que em nós confiam, é preciso ter os pés bem assentes na terra e a cabeça nas nuvens, ou seja, alimentar a espiritualidade sem esquecer que temos corpo, emoções e uma cultura própria. Deixo-vos com um verso feito na altura:



VIVÊNCIA

ESTAR AQUI E AGORA,
NESTE TEMPO E NESTE ESPAÇO,
SÓ MAS NÃO SOZINHA,
ENVOLTA NUM ABRAÇO.

ENERGIA QUE EMANA DO MEU CENTRO,
ESPIRAL GIRANDO, GIRANDO,
MIL CORES DUM ESPECTRO,
SINTO-AS TÃO VIBRANTES!!!

VIDA

ESSE SOPRO, VERDADEIRO ALENTO
DOS PRESENTES AQUI COMIGO
A TODA A HORA E MOMENTO,
ANSIOSOS POR ABRIR
A PORTA PARA O INFINITO,
NUMA PAZ FEITA SILÊNCIO.

FORÇA

DAMOS ÍNICIO À CAMINHADA...


OM SHANTI OM

Fiquem bem!

Comentários

Aldina Duarte disse…
Não fora as adversidades e quanto de mim, e da relação do ser humano com o mundo, teria morrido sem saber.

beijos!

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