CONSCIÊNCIA E SENSAÇÕES



Podemos voltar ao passado como se fosse hoje, mas é preciso entender que o mesmo não se passa com as sensações dessa mesma vivência. O objecto da nossa observação será o mesmo, a sensação é que passa a ser outra pois as circunstâncias são diversas, a distância amadurece a discriminação e a consciência ampliada dá uma nova perspectiva da situação. Passamos a olhar aquele “retrato” com outros olhos, fazendo uma avaliação dessa informação com clarividência e alguma objectividade. Quando a memória circunstancial dispara, ficamos perante uma pista preciosa que nos permite trabalhar sobre as impressões deixadas por essa experiência que, de algum modo, nos marcou.
Se, por exemplo, eu for invadida por uma súbita onda de tristeza, não posso ignorá-la! É um dado que a minha consciência me oferece e eu aceito-a por saber que faz parte de mim e me quer dizer alguma coisa. Até posso dar comigo a pensar que não tenho razão para estar triste, mas uma coisa sou “eu” outra é aquela tristeza e que a tristeza passará e eu NÃO. A tristeza, assim sentida, é um assomo da minha memória que se manifesta com o seu propósito ou intenção e só tenho de reflectir, mergulhar na sensação e esperar que o corpo se manifeste, acordando sinais a que devo dar atenção para trabalhar a razão desse despertar emocional.
Vivemos de memórias que se repetem num eterno retorno, mesmo que temperadas por uma consciência valorizada por um trabalho em que a meditação tem um papel importantíssimo, visto que nos possibilita entrar em contacto com o nosso Ser mais profundo, a raiz da nossa existência, a Alma que procura a cura com a ajuda da personalidade que somos e que nos permite ser o instrumento ideal nesta passagem pela Vida. A consciência das sensações é a ferramenta própria para que o nosso processo de desenvolvimento se dê com o mínimo de sobressaltos e a confiança necessária para continuarmos a acreditar que vale mesmo a pena fazer o Caminho da espiritualidade.
Olhemos as memórias como um manancial da Sabedoria que nos assiste, saboreando, como acto sagrado, reviver a nossa história.
Fiquem bem!

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