SINCERIDADE



Tenho dias em que penso ter chegado ao fim a ideia de que preciso estar constantemente a reinventar a vida, quando me dou conta dos anos que já vivi. A etapa em que me encontro manifesta-se em períodos de grande calma e alguma serenidade. Digo, alguma, porque não me posso gabar de ter alcançado aquela paz de espírito que, talvez devesse ter atingido, vencidas inúmeras batalhas e obtidas umas tantas medalhas pelos objectivos conseguidos. Dia após dia, mergulho no meu sentir, esperando respostas que demoram a chegar ou que, simplesmente, para as quais não tenho perguntas... não sei se me faço entender!!!
Com a idade que tenho e o trabalho de auto-conhecimento que tenho procurado fazer, sei que, se por um lado me falta paixão, por outro não preciso dela, pois não tenho dúvidas de que farei sempre aquilo que me parecer suficientemente atractivo e importante para pôr a minha energia ao serviço dessa meta. Fazer-me falta a ideia de paixão/entusiasmo é uma coisa mais mental do que física, memórias que, de vez em quando, me tomam de assalto e me põem a questionar se, na verdade, o que importa mesmo é sentir o amor que dispara quando sou chamada para entrar em acção ou isso não chega...
A maturidade estabelecida e o tempo que me sobra das tarefas diárias que integram o meu horário de trabalho e a dedicação à casa e à família, permite-me saborear cada momento, sem expectativas, mas com a certeza de que, seja o que for que esteja a fazer, é sempre um tempo útil para mim e para os que me rodeiam. Largos períodos de meditação que não obedecem senão à regra que esse acto implica, total absorção, completa calma.
Os pensamentos voam ao encontro de todos quantos se encontram ao meu alcance e, de repente, posso ser chamada à realidade através de contactos mais directos. Posta no meu sossego, alguém me acorda através da internet ou de um “sms”, normal contacto telefónico ou me bate à porta, depois de longa ausência, seja para marcar presença e mitigar saudades, pedir ajuda em alguma aflição ou partilhar acontecimentos relevantes das suas vidas. Tal como disse no texto anterior, quem pertence a um Grupo de Almas, formado algures no tempo e no espaço, está permanentemente ligado, mesmo que, temporariamente, fisicamente afastado. O corpo é apenas uma manifestação da nossa materialidade!
Sinceramente, esta calma que hoje vivo não tem nada a ver com inércia, nem tão pouco desinteresse pela vida. É uma necessidade absoluta de silêncio e disponibilidade interior para receber no meu seio aqueles e aquilo que estiver no meu plano kármico. A falta de paixão é perfeitamente compensada pela sensação de dever cumprido (Dharma).
Grata pela vossa presença.
Fiquem bem!

Comentários

gataborralheira disse…
É tão bom ouvir o silêncio e meditar sobre os ensinamentos deste texto.
Um abraço
Essencialma disse…
Mais uma vez, um belo texto! E penso que de uma forma muito lúcida, explica muito das dúvidas que nos deparamos face ao que aprendemos na espiritualidade...qual o limiar entre inércia, e entregar a vida ao universo...para que venha a nós tudo o que temos de viver, de bom e de mau.

Obrigado...pelo maravilhosos texto!
Maria Emília disse…
Como é bom partilhar sentimentos e vivências que, apesar de pessoais reflectem muitos estados de alma.

Um abraço Essencialma!

ME

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