SUBIR A MONTANHA...

 


SUBIR A MONTANHA E OLHAR O MUNDO


Quando nos propomos iniciar um caminho, fazemos os nossos planos e definimos um objectivo a alcançar. De acordo com esse objectivo preparamo-nos para o atingir, pensando, com optimismo, que nada pode falhar pois nada nos falta. Ao pretendermos viajar temos, à partida, conhecimento do destino pretendido e só precisamos de arranjar um meio de transporte ideal e acessível, marcar a data, fazer as malas e partir na hora aprazada.

Embarcamos, confiantes e seguros. O tempo de viagem depende da distância que nos separa do ponto de chegada. Pelo caminho vamos saboreando, apreciando, a paisagem e as pessoas que connosco viajam ou connosco se cruzam. As peripécias e experiências que se vão sucedendo serão importantes, ou talvez não. O que importa verdadeiramente é chegar, por isso, é necessário não parar demasiado tempo nos lugares de passagem e não perder o norte, tomando o sentido errado. No entanto, creio que essa perda de orientação é momentânea e voltaremos a tomar a direcção certa, o caminho inicialmente proposto. No Yoga também é assim.

Começar a praticar Yoga é como iniciar uma escalada. Olhamos o cume da Montanha que se avista por detrás das nuvens que passam e parece-nos muito perto, fazendo-nos sonhar com a facilidade de o alcançar. Consciente ou inconscientemente reunimos os necessários apetrechos: inscrição num Centro de Yoga, promessas de autodisciplina e trabalho, humildade que baste, leituras suficientes, assistência atenta a palestras, cursos, etc.… O nosso coração palpita com a certeza de que em breve poderemos olhar o mundo lá do alto. Os primeiros passos são dados com energia e determinação. Sentimo-nos bem, tão bem que nos apetece gritar aos quatro ventos: “Olhem que bem que eu me sinto! Venham comigo e ficarão assim também!...” A primeira desilusão! Aqueles que queríamos ver a caminhar ao nosso lado nem sequer nos ouvem ou sorriem benevolentes “Aquilo passa-lhe...” Da euforia se passa à depressão, ao desânimo. Se é bom para mim porque é que os outros não gostam ou nem sequer querem experimentar?... 

Como é bom estar numa nuvem, envolta pela brancura e pela leveza de uma energia que se desloca ao sabor do vento, reflectindo a Luz do Sol.  De repente, passo a ser nuvem... Como é bom ser nuvem e pairar lá no alto, leve e livre!!! Por fim... Desço à Terra e junto-me ao grupo de trabalho, que ali e se reunia! O Sol enche a sala com o seu brilho, e aquele esplendor permanecerá para sempre na vida dos que ali estavam. As portas foram-se abrindo, uma a uma, e a luz tocou-nos a todos, profunda e irremediavelmente. Fluímos, então, ao sabor de uma suave brisa, como flores exalando um perfume delicado que ficou a pairar no ar. Descobrimos que o Amor se pode expressar de muitas maneiras para podermos saciar a nossa sede de saber e viver em plenitude. Um estado de graça reservado aos eleitos, longe das sombras onde o Sol não penetra, perto da Essência que se reflecte, também, na aparência. Os olhos a brilharem, um sorriso a iluminar os rostos. No silêncio, podia-se ouvir o pulsar dos corações, palpitando ao ritmo do Universo que se experimentava ali. A surpresa que estas vivências proporcionam são um fascínio que se manifesta na certeza de que vale a pena encarar a vida de peito feito e alma leve, sem hesitações e com a determinação dos heróis que se dão integralmente. Isto é Amor, isto é ser verdadeiramente livre!


 

 

 

 

 

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