PARÁBOLA DUM SEMEADOR
A contar uma estória...
PARÁBOLA DUM SEMEADOR
“Está aqui um saco cheio de sementes que têm de ser
deitadas à terra” – diz o mestre para o semeador, que olha
aquele enorme e pesado saco pensando em que campo poderia fazer tal
sementeira... e que sementes seriam aquelas para merecerem a atenção do mestre?...
“As respostas chegam logo que as acções são iniciadas, sem hesitação e com
determinação. Lança as sementes com amor e verás como brotarão viçosas as
plantas que lhe são destinadas” – respondeu o mestre sem mais delongas.
Encontrado o campo, o semeador desanimou, pois, a terra,
apesar de lhe parecer de boa qualidade, estava ressequida e impenetrável!
Quedou-se pensativo, procurando uma solução. Eis senão quando aparece uma
figura feminina, sorridente e bem-disposta a colaborar como jardineira. Vestia
um longo vestido às riscas pretas e brancas, trazia um avental preto e calçava
umas socas brancas; um chapéu de palha encobria-lhe parcialmente o rosto sem,
no entanto, iludir o seu sorriso encorajador. “Então, isso vai ou não
vai?...” disse. “O campo está demasiado seco, as sementes assim não
entram na terra e o vento leva-as para longe...”, respondeu o semeador, à
espera duma solução. “Não te preocupes porque eu vou regar o campo com esta
mangueira mágica.” Mal pronunciou estas palavras lançou um jacto de água
sobre o campo que ficou bem irrigado e receptivo. O semeador, feliz, lançou
logo todas as sementes que se espalharam, penetrando facilmente na terra. Nesse
mesmo instante, aquele campo se fez fértil e pujante! As sementes despontaram,
cresceram e floresceram em todo o seu esplendor. Margaridas, vestidas de
pétalas brancas e olhos postos no Sol, cobriram o Campo duma só vez. O semeador
não cabia em si de contente. O mestre tinha razão. Aquele campo estava só à
espera que o preparassem e lhe dessem as sementes adequadas!
Passados os momentos de êxtase, o semeador olhou em seu
redor, deparando com uma casa de janelas viradas para o campo acabado de
florir. De lá saiu uma figura imponente que se aproximou, reclamando a presença
da jardineira pois eram horas de tratar da janta. Feitas as despedidas e
respectivos agradecimentos, afastaram-se em direcção à casa. O semeador preparou-se,
então, para meditar no meio daquelas lindas flores. Enquanto escolhia o local
ideal reparou num limoeiro plantado mesmo no meio do Campo e, também ele,
carregado de flores brancas e perfumadas. “Que estranho! Um limoeiro aqui
sozinho no meio deste Campo? Que fazes tu aqui?... Quem és tu?... Gosto tanto
do teu perfume!!!”. “Sou o teu mestre”, respondeu sorrindo. “Eu não te
dizia que podias deitar as sementes à terra e fazê-las brotar, crescer e
florir”. “Sim, é verdade, mas deu muito trabalho e longa a busca para
encontrar o Campo adequado as estas sementes. Alguns campos tinham boas
condições, mas as sementes não brotavam ou não chegavam a florir.” “Descansa
agora tu que este dia chegou ao fim. Fizeste um bom trabalho, mereces repouso.”
Nesse mesmo instante o semeador transformou-se em mais uma das muitas
flores e o campo ficou protegido por uma sebe. O limoeiro desvaneceu-se como
por encanto, deixando no ar o perfume das suas flores. Fez-se silêncio com a
noite a cobrir o céu com o seu manto. O campo adormecido sonha sonhos de amor
Imaculado, esperando um novo dia.
OM SHANTI OM
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