O TOQUE

 




O TOQUE


A importância do toque nas relações é um factor que não está na ordem do dia, quando falamos dos contactos que temos ou se manifestamos interesse particular em alguma pessoa, amiga ou familiar. No entanto podemos dizer que alguma coisa ou personagem nos tocaram especialmente ou que fomos tocados por alguma cena dum filme ou leitura dum livro. Na verdade, essa forma de expressar sensações, ou sentimentos, é a maneira mais simples de nos manifestarmos espontaneamente.

Segundo Sir Desmond Morris, o toque foi o modo de estabelecermos o primeiro contacto com o mundo. Antes de sabermos falar ou escrever, o relacionamento com o corpo foi primordial para que o contacto com a nossa mãe ficasse estabelecido, mesmo ainda dentro do ventre materno, em que todos os sentidos não estão ainda despertos. Esta intimidade inicial deixa as suas marcas e, no entanto, não lhe damos grande valor, por ser algo que consideramos natural. É bom lembrar a sensação de conforto ao estarmos a flutuar no aconchego do útero materno, como um suave abraço, à medida que se vai desenvolvendo o nosso sistema nervoso. Quando o espaço se torna mais apertado, aquele abraço fica muito mais forte e a começar a acompanhar os movimentos da respiração da mãe, todos os passos que ela dá e a começar a ouvir os sons em redor.

Este tempo é demonstrativo da importância do toque, porque nos dá a sensação de segurança que nos acompanhará pela vida fora, mesmo sabendo que o acto de nascer possa ter sido altamente traumático, se pensarmos em todo o processo que leva o trabalho de parto, se for vaginal. O ser que estava ali tão confortável, passa a ter de sofrer uma passagem dolorosa e a manifestar o seu desagrado com uma expressão de estranheza, o esperado choro e a primeira golfada de ar. O contacto com o colo da mãe faz com que volte a sentir-se protegido, um abraço para a vida que se segue, e todos sabemos como é reconfortante, um abraço bem aconchegado e a sentir aquele calor que nos envolve e nos faz recordar aquele primeiro colo!

Esta lembrança leva-me a constatar a importância do toque, e que instintivamente reproduzimos sempre que precisamos de nos sentir seguros, mexendo nos cabelos, segurando uma caneta na mão ou, simplesmente a tocar em alguma parte do corpo ou como fumar um cigarro nos pode acordar a memória do contacto com o peito da nossa mãe ou daquele leite reconfortante. A sensação de segurança também se pode manifestar quando nos deitamos e nos cobrimos com os lençóis ou edredão, recordando o tempo em que o líquido amniótico nos envolvia, assumida uma posição fetal espontaneamente, a despertar a criança que continuamos a ser. O toque é um acto natural, pois através dele se transmite aquela energia necessária ao momento. Podemos dizer que o tacto é um dos sentidos mais importantes e a pele o órgão maior do corpo, pronto para absorver as sensações que fazem parte das vivências que a vida nos proporciona.

Demos, pois, importância aos toques que fazemos, sempre que um contacto chame por nós, e que essa manifestação de amor seja a agradável e nos faça sentir bem.

 

                  OM SHANTI OM


 



Comentários

ARC disse…
OM SHANTI OM 💥💝

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