VALORIZANDO AS MEMÓRIAS

 

                                              


                                 VALORIZANDO AS MEMÓRIAS

As memórias fazem parte dum sistema elaborado para que possamos captar as informações necessárias às circunstâncias. Uma reserva de conhecimento à nossa disposição e, ao mesmo tempo, um incómodo, quando nos chegam pintadas com as cores menos simpáticas e a causar alguma ansiedade ou uma saudade premente.

Falar de memórias leva-nos a pensar no tanto que já vivemos, com as marcas próprias de quem tem consciência e sabe o valor de cada acção ou dos pensamentos predominantes. Não nos devemos esquecer que a lei do karma é inexorável, e nos obriga a dar atenção ao processo em que estamos envolvidos e a fazer parte do caminho feito e a fazer, até ao fim dos nossos dias.

Com a idade, as lembranças guardadas são depositárias das experiências e vivências a pontificar uma biografia à espera de ser ou não, escrita, e a basearem-se em vários objectos, fotografias ou escritos de vária ordem. É sabido que nem sempre é fácil deitar fora as marcas dessas lembranças, que se vão acumulando e acordando saudades dos tempos passados. Sabe bem olhar ou tocar nos objectos que, por ventura, chamam a nossa atenção e rever aqueles momentos. Não se trata de saudosismo piegas, mas sim acordar sensações que nos aconchegam momentaneamente e nos podem fazer sorrir.

A dificuldade em guardar tanta coisa, está em prever o seu destino, pois quase tudo se torna temporário, uma vez que o que se guarda é pessoal e só a nós diz respeito, daí a importância de assumirmos uma atitude de algum desapego, ou procurar organizar aquilo que sentirmos possa passar aos vindouros, ou partilhar com amigos e os familiares que estejam nessa sintonia. Pessoalmente, tenho a preocupação de reservar alguns objectos, resultado das minhas escritas ou simples lembranças, e imaginar a quem poderiam interessar. Continuo a acreditar que as nossas memórias são praticamente intransmissíveis, a não ser que algumas coisas possam ter marcas evidentes, num registo oral ou de vivências partilhadas. O tempo deixa as suas marcas, e acorda sentires profundos que nos tocam ou continuarão a tocar, eventualmente.

As memórias pessoais não se apagam nunca e, por isso, é importante guardá-las com carinho, como marcos e referências que nos servem a cada passo, olhando-as com a consciência ampliada para que sirvam o seu propósito imediato ou temporário. Muitas recordações podem acordar momentos ou situações menos agradáveis, dolorosas até, e nessa situação, é guardá-las bem guardadas, como aquelas fotografias em que não ficámos lá muito bem ou que retratam circunstâncias pouco simpáticas, percebendo que são, apenas, um passado.

Dizem que recordar é viver, e é bom cuidar das memórias como um tesouro bem guardado, um manancial de conhecimentos que nos presta um serviço estimável e de confiança, pela atenção dada e como meio de avaliação do processo de desenvolvimento em que nos encontramos. Tudo quanto possamos ou quizermos guardar, é da nossa inteira responsabilidade, por isso devemos dar-lhe a devida atenção e saborear o prazer que representam, como ponto de partida para actuações futuras ou garantia de sucesso, pela aprendizagem alcançada.

                   OM SHANTI OM




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