TAJ MAHAL




A viagem durou 5 horas – a meio houve as habituais paragens para comer e fazer xixi. Por acaso, surpreendentemente, o sítio da paragem era uma espécie de oásis do Turismo oficial. É que parecia mesmo um oásis porque tinha um jardim, no meio de toda aquela pobreza e porcaria! Desta vez ficámos num bom hotel, do género daquele onde estivemos em Aurangabad, mas este até ar condicionado tinha o que proporciona outro conforto e descanso. Depois de almoçar não resisti a fazer uma sesta porque estava, realmente, cansada da viagem. Fui acordada para embarcar numa visita turística. Alugámos um carro e lá fomos até ao túmulo do avô da Imperatriz Mumtaz – a tal do Taj Mahal. Muito bonito e via-se que era preparatório para o futuro túmulo da Imperatriz. Situado no meio dum jardim e à beira do Rio Jamuna (rio irmão do Ganges, segundo reza a tradição). O seu estado de conservação deixava a desejar, mas compreende-se que num país onde há tanta miséria, é difícil pensar na conservação de monumentos, embora ache que devia ser uma preocupação a nível mundial.
Naquele dia, também visitámos o Forte Vermelho, considerada a segunda melhor atracção depois do Taj Mahal. Novo mergulho na história. Fechámos o programa com chave de ouro ao transpormos a 1ª porta da entrada da maravilha que é o Taj Mahal. Nem queríamos acreditar que aquilo estava diante dos nossos olhos, que não era nem uma fotografia nem um postal!!! Que sonho de equilíbrio arquitectónico. Ficou na nossa memória e a imagem a experiência vivenciada naquele momento.
Montes e montes de gente por todo o lado, visto ser sexta-feira que é dia santo para eles. Naquele dia a entrada era grátis e daí a multidão que por lá se encontrava o que tornava complicado a movimentação dentro do edifício e mal dava para ver os túmulos que, curiosamente, não estavam centrados. É preciso ver que aquele monumento foi construído para a Imperatriz Mumtaz que morreu de parto. Segundo percebemos o marido não era para lá ficar, mas o filho que usurpou o trono ao pai, não esteve com mais aquelas e pô-lo ao lado da mulher sem se preocupar com a estética da coisa. O rapaz não era flôr que se cheirasse...
Permanecemos bastante tempo no local a gozar o panorama e, antes de voltarmos para o hotel, lá fomos “empurrados” para os armazéns. Para não fazer má figura comprei uma caixinha de mármore típica da região. No hotel é que fizemos algumas compras mais porque, por incrível que pareça, nos hotéis as coisas são mais baratas visto que não têm de dar comissão aos motoristas e, além disso, é mais agradável porque não temos ninguém atrás de nós. Demos uma saltada ao Holiday Inn mais próximo onde comemos qualquer coisa e regressámos num Rickshaw ciclístico, que nos proporcionou um passeio muito agradável ao fim da tarde. Antes de dormir consegui encaixar mais umas tantas coisas no meu saco de viagem que parece um poço sem fundo.
Estamos exactamente a meio da viagem e, podemos contabilizar 32 horas de caminho mais 12 de Lisboa até Bombaim, dois mil quilómetros percorridos, nem mais, nem menos!!!
No dia seguinte, dei-me ao luxo de ficar no quarto a tomar o pequeno-almoço e a ler coisas sobre Agra, a cidade onde está o Taj Mahal. Estava eu posta em sossego, quando entra pelo o quarto a dentro um batalhão de criados que vinham fazer a limpeza e à caça da gorjeta, claro! Fomos ao banco trocar dinheiro o que se tornou numa operação morosa; estávamos nós a preencher uma papelada quando fomos surpreendidos por um grandecissímo arroto... O chefe da secção tinha acabado de beber um copo de água e... trás, arrota!!! Com aquela gente é tudo à vontade, nada de cerimónias...
Depois de sacarmos a massa alugámos dois Rickshaws para irmos ao mercado comprar fruta para o almoço. O nosso motorista era parecido com o Estaline, mas com uns lindos olhos azuis. Tinha muita pinta. Viemos a saber que tinha sido sargento do exército o que por aquelas bandas significa um certo estatuto. Pelo caminho fomos à estação de combóio para comprar os bilhetes para Nova Deli. A visita que fizemos foi a Fathepur Sikrih que fica a cerca de 40 Km de Agra. Passámos por uma aldeia cujos habitantes têm como especialidade amestrar ursos que, depois, utilizam como caça moedas aos turistas que tiram fotografias e, nós não fugimos à regra, claro, embora não goste de animais amestrados.
O nosso guia em Fathepur Sikrih era um velhote com uns bigodes de respeito e com um grande espírito de humor. Ao mesmo tempo que fazia as descrições ia dizendo umas piadas relativas aos factos históricos. Segundo ele, o Maharaja Akbar tinha como primeiro-ministro um bobo que passava a vida a contar estórias, assim: “Diz Akbar ao bobo: “Ontem à noite sonhei que cada um de nós tinha caído num poço. O meu poço estava cheio de mel e o teu de estrume de vaca.” Responde o bobo: “Tem piada que o meu sonho foi igual só que, quando vínhamos a sair do poço, eu lambia-te e tu lambias-me...”.
O túmulo do Santo Salim é todo em mármore e, lá dentro tem um docel de sândalo com madrepérola onde as pessoas atam umas fitinhas (do tipo das da Baía) no rendado de mármore que circunda o túmulo com os seus desejos. Todos fizemos pedidos e, se o pedido for satisfeito temos de dar uma esmola a um pobre. É claro que, no fim da visita, tivemos a costumada visita a uma loja de artesanato que, por acaso, era do filho do guia... Lá nos safámos com dois elefantes de mármore cada uma, mas à saída tivemos de fugir dum enxame de vendedores. Esta atitude tem a ver com a pobreza que grassa naquelas paragens e, também, o jeito que têm para vender o que quer que seja. Mesmo assim, tivemos de ceder e visitar uma loja de mármores antes de chegar à estação do combóio. O motorista afirmava a pés juntos que a qualidade dos produtos daquele armazém era do melhor. De facto assim era, e não nos maçaram para comprar.
Tomámos o combóio e lá seguimos para Nova Deli.

Fiquem bem!

Comentários

Aldina Duarte disse…
Adorei a história do"Bobo" :-)))

E curiosamente acho o mármore uma pedra fascinate, apeteceu-me ir à tal loja...

Taj Mahal é um sonho de há muito tempo de muitos mais com eu, os encantados ( não confundir com encantadores!.

beijos!

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