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A mostrar mensagens de outubro, 2006

CALOR

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Olho o Céu que espreita da janela do meu escritório caseiro e, não fora as árvores mostrarem os seus ramos meio desnudados, pensaria que estávamos ainda no Verão... O calor aperta mas não apetece praia! Sente-se no ar um desejo a Outono pois é confuso ter tempo de férias e estar a trabalhar. Por um lado há queixas e comentários: “Este tempo quente não é normal... estamos fartos de calor!!!”. No entanto, como somos criaturas contraditórias, também não nos cansamos de dizer que, apesar de tudo, este tempo sem chuva nem frio é bom... Nas traseiras do meu escritório propriamente dito avisto uma nespereira que, coitada, está baralhada com este clima e já começou a dar flor o que é suposto ser só lá para Janeiro. Na sua inocência de simples árvore de fruto, não entendeu o que estava a acontecer e, por isso, segue o esquema calor = a Primavera. Paciência... Serve esta introdução para falar de livre arbítrio. Será que o temos verdadeiramente?... Que forças nos comandam para que tenhamos de pro

UMA CASA CHEIA

Os que me têm acompanhado neste desfilar de memórias, já devem ter percebido que a minha vida é como uma casa cheia. Comecei por nascer numa família que se foi reproduzindo sem preconceitos ou demasiada programação. Os meus Pais tiveram quatro filhos (infelizmente, um morreu bébé) que, por sua vez se multiplicaram até aos treze netos que vieram a dar fruto, sendo que se contam, até agora 30 e, em breve, 31 bisnetos!!! Enquanto a minha Mãe foi viva, e a conta de bisnetos não estava tão avançada, conseguíamos reunir-nos no Natal em casa do meu irmão (no último que lá passámos seríamos umas sessenta pessoas). A minha Mãe fazia muita questão nessa reunião de família, mas o grupo começava a pesar aos hospedeiros, apesar da boa vontade e do espaço ser, apesar de tudo, bastante. Quando a minha Mãe passou para outra dimensão, livre do corpo que já lhe pesava, decidimos que era altura de cada um ficar na sua própria casa, o que vem acontecendo desde então. Agora encontramo-nos mais espaçadament

UM TEMPO

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Temos de ter em consideração que é preciso um tempo para que o entendimento com os outros se faça sem que seja preciso romper barreiras defensivas que todos, de um modo ou de outro, criamos ao longo da existência. Por esse facto, podemos dizer que amar é ter consciência do tempo daqueles com quem privamos, saber escutar e fazer a ligação de forma amorosa, dando sem expectativas, mas com a certeza de que nas acções, como nos pensamentos o que conta é a intenção, controlando as emoções para que se possa experimentar uma sensação de bem-estar enquanto se esperam respostas que dêem as pistas necessárias para se prosseguir com este ou aquele contacto. A relação com os outros dá-nos uma perspectiva do que sentimos e permite-nos avaliar o estado de evolução em que nos encontramos, um verdadeiro espelho onde nos revemos, de preferência, sem julgamentos apressados. É preciso um tempo para perceber o que está para além do imediato instinto que nos avisa da necessidade de lutar ou fugir. Consider

"DHARMA" E SAÚDE

Este texto que vos deixo fui buscá-lo ao meu livro "O Caminho da Sabedoria" (Editorial Angelorum Novalis que também vai publicar o meu próximo, com o o título "A Alma e os seus Percursos) e vem a propósito duma conversa com uma amiga em que falávamos da palavra "Dharma", consciência do dever e sua relação com a saúde. “A CADA INSTANTE, O CÉREBRO TEM AO SEU DISPÔR QUALQUER COISA DE MUITO ÚTIL E ESPECIAL: A REPRESENTAÇÃO DINÂMICA DUMA ENTIDADE COM UMA AMPLITUDE LIMITADA DE ESTADOS POSSÍVEIS A QUE SE CHAMA CORPO.” In “O Sentimento de Si” António Damásio A troca de experiências, a aprendizagem e o convívio são os principais factores que unem os indivíduos, seja no trabalho, na escola ou em sociedade e, mesmo, em família. Estes interesses podem ser mais ou menos mesquinhos, mais ou menos generosos de acordo com as tendências de cada um. A verdade é que é preciso buscar nos encontros a satisfação física, mental e espiritual para se crescer com a capacidade de aprende

OUTONO NO JARDIM

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“Saídos da escuridão procuramos a Luz. A nossa coluna é a árvore da Vida que nos prende à terra para que o processo de evolução seja uma realidade. Sejamos firmes e flexíveis para que a seiva continue a fluir até à realização final.” Não posso deixar de vos dizer como é maravilhoso o espectáculo das Ginkobilobas no Jardim das Amoreiras, em Lisboa, chegado o Outono! Por enquanto ainda não atingiram o ponto que vos mostra a fotografia acima, tirada o ano passado. Vale a pena estarem atentos. Este jardim é mágico e inspira qualquer um que por lá se detenha em pausa da lufa-lufa do dia a dia. Uma das muitas árvores tornou-se minha amiga, chama-se Fausta. Como esse encontro se deu, está contado no meu próximo livro “A Alma e os seus Percursos” que está previsto sair em meados de Dezembro (Editorial Angelorum Novalis). Esta estação do ano, em Lisboa, tem uma Luz particular, um Verão a despedir-se suavemente, deixando as lembranças das férias bem guardadas. Um tempo para, devagarinho, irmos m

MEMÓRIAS

Calha estar neste momento a gozar um curtíssimo período de férias no sul de Espanha e, logo, as memórias dos tempos em que por cá viajávamos para atender cursos de Instrutores. De facto, posso dizer que conheci muitos lugares deste país pois os cursos não eram sempre feitos no mesmo sítio e as escolhas dependiam da disponibilidade de seminários ou colégios em férias escolares. Os primeiros funcionaram na serra de Gredos, não muito longe de Talavera de la Reina; seguiram-se Cervera de Pisuerga, de que já vos falei, bem a norte, a caminho de Santander e com os Picos da Europa por perto o que nos permitiu dar uns belos passeios nos poucos tempos livres que nos restavam dos estudos e práticas intensivas. A oportunidade de conhecer as zonas em redor deve-se ao facto de o nosso mestre ser uma pessoa bem relacionada, e, por isso, nos levava a sítios não muito turisticamente conhecidos. Outro lugar que nos deixou lembranças, umas até engraçadas, foi Dueñas, perto de Valladolid. Como curiosidad

REVELAÇÕES

Qualquer relação pressupõe uma gestão de energia que por ela circula e que resulta de uma combinação de forças, umas vezes complementares, outras contraditórias. A harmonia estabelece-se em consequência duma expressão contínua de sentimentos que se vão desenvolvendo à medida que o conhecimento mútuo se aprofunda e se consolida. As afirmações ou as negações do que somos, ou gostaríamos de ser, são pistas que nos levam a descobrir que o que verdadeiramente conta é a Essência e tudo quanto está por detrás das aparências é uma Luz que surge no meio das sombras, iluminando o nosso campo de acção para que não hajam dúvidas. O que revelamos ou desejamos que nos seja revelado, jamais pode ser confundido com as projecções resultantes das experiências vividas no compasso de espera, amadurecendo o suficiente para não agirmos na vulgaridade das sensações passageiras e mesquinhas. O jogo de luzes a que nos habituámos serve, simplesmente, para esconder aquilo que, na verdade, só pode ser dado a conh