CALOR




Olho o Céu que espreita da janela do meu escritório caseiro e, não fora as árvores mostrarem os seus ramos meio desnudados, pensaria que estávamos ainda no Verão... O calor aperta mas não apetece praia! Sente-se no ar um desejo a Outono pois é confuso ter tempo de férias e estar a trabalhar. Por um lado há queixas e comentários: “Este tempo quente não é normal... estamos fartos de calor!!!”. No entanto, como somos criaturas contraditórias, também não nos cansamos de dizer que, apesar de tudo, este tempo sem chuva nem frio é bom... Nas traseiras do meu escritório propriamente dito avisto uma nespereira que, coitada, está baralhada com este clima e já começou a dar flor o que é suposto ser só lá para Janeiro. Na sua inocência de simples árvore de fruto, não entendeu o que estava a acontecer e, por isso, segue o esquema calor = a Primavera.
Paciência... Serve esta introdução para falar de livre arbítrio. Será que o temos verdadeiramente?... Que forças nos comandam para que tenhamos de prosseguir com os nossos “Karmas” sem os questionar? Que hipóteses temos nós de escolher o que mais nos convém ou agrada?...Eu diria, talvez pela experiência de Vida que já conto na minha bagagem/memória, que o livre arbítrio é uma concessão dos Deuses que nos passam para a mão a responsabilidade de escolhermos a maneira como vivemos e resolvemos esses “Karmas” para que, de futuro, o nosso destino seja bem mais risonho, ou talvez diferente.
Sabemos que temos pela frente uma série de desafios, propostos pelo que nos vem à cabeça ou “inventados” por outrem, mas o que ignoramos é como nos vamos desembaraçar deles e inventar novos. A Vida é, ela própria, um desafio, coisa que não é novidade para ninguém! Chegar ao Mundo sem saber o que vamos encontrar é, certamente, o primeiro grande passo, de tal maneira grande que começamos a berrar a plenos pulmões. Dizem que é preciso chorar para que eles funcionem... Para mim faz sentido porque, entrar de rompante nesta enorme “sala”, é um verdadeiro susto!!! Para além disso há que marcar a nossa presença e fazer ouvir a nossa voz, sem o que nem comíamos nem bebíamos, nem tão pouco andaríamos vestidos à maneira.
Aqui está o uso primordial do livre arbítrio, chamar a atenção para a nossa pessoa como Ser pertencente a um Grupo. Começa o caminho. É preciso aprender a percorrê-lo, descobrindo atalhos, subindo montes, descendo vales e perceber quando é preciso parar para observar os sinais e, esperar o tempo necessário para os descodificar. Lá está outra vez o livre arbítrio... Descodificar sinais depende da nossa vontade, da nossa atenção e, principalmente da nossa disponibilidade. Temos sempre tanta pressa de chegar, quando o que importa é o fascínio que é percorrer um caminho, olhando em volta para que fique na memória um manancial de informação que nos permitirá reconhecer caminhos já percorridos, permitindo acelerar o nosso passo quando a ocasião se apresenta.
O calor tem destas coisas... quando acorda em nós sensações, dá-nos que pensar... Cá está, outra vez, o livre arbítrio a funcionar: PENSAR!!! O pensamento é, realmente, a nossa grande ferramenta. Precisamos usá-la com a consciência da sua força e todo o seu potencial e, para isso, nada melhor do que meditar. Meditar é elevar ao mais alto nível a vibração que nos dá a capacidade para vencer qualquer obstáculo, receber informação que será a luz que alumia todos os caminhos a percorrer. Meditemos pois.
Fiquem bem!

Comentários

Aldina Duarte disse…
Que grandes reflexões... algumas vezes sinto-me um pouco como a nespereira exposta nas traseiras do seu lugar caseiro de observação, e outros tantso ãos afins... Hoje estou satisfeita com a chegada da chuva (e do frio q.b. também estarei á sua chegada), porque hoje chove eu pergunto-me: o que pensará a Nespereira da janela da Maria Emília, num dia como hoje depois de um dia como o de ontem???

Até sempre.

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