MUITAS VIDAS, ALGUNS MESTRES
“Estou com aqueles que de mim precisam, sem buscar as razões desses encontros. A troca de experiências é necessária para que se dê a evolução de cada um dos intervenientes neste processo que é a Vida. Desses encontros nasce uma força que me permite seguir com a consciência da liberdade que me assiste e permite o gozo da plenitude do SER e do ESTAR aqui e agora.”
Acreditem que escrevi isto há dez anos! Quando revejo escritos, expressão de sentimentos e sensações, verifico quão actuais continuam a ser. Ainda estou em fase de rescaldo, nesta passagem de ano e, por isso, vou arrumando ideias e impressões que me permitem continuar a trabalhar, clarificando o que me surge em termos de relacionamentos afectivos ou sociais. Os anos vão passando e a experiência de Vida vai-se tornando uma mais valia que não posso desperdiçar.
Por natureza, sou uma pessoa apaixonada, entregando-me de corpo e alma a quem passa pelo meu caminho a necessitar de ajuda, apoio ou atenção. Um instinto maternal um tanto ou quanto exacerbado, confesso, que me leva a acolher no meu regaço adultos em fase espiritual de criança. Como qualquer mãe sabe, o difícil é deixar que os filhos cresçam e se tornem independentes, ao mesmo tempo que consigam manter contacto próximo e livre com quem os acompanhou no seu crescimento. Quando os meus filhos atingiram a idade adulta tive de os deixar ir sem que isso provocasse síndroma do ninho vazio. Nessa altura apliquei-me nos estudos de inglês, frequentando o Instituto britânico durante quatro anos, fazendo lá o que havia para fazer. Ao mesmo tempo comecei a praticar Yoga no Ginásio Clube Português, tendo aderido a esta filosofia com entusiasmo e disciplina, o que veio a dar origem a uma forma de vida que é a minha até hoje. Hoje temos uma relação amorosa de adultos que se sentem livres. Cada um no seu espaço e, juntos, sempre que a ocasião e a vontade o permite.
Começando a dar aulas de Yoga (1978), tive de me aplicar no conhecimento da matéria, frequentando cursos em Inglaterra e Espanha. O envolvimento com os alunos obrigou-me a aprender a lidar com os grupos que se iam formando e com as individualidades que se iam chegando a mim, num processo de gestação próprio de uma relação mestre/discípulo que se foi desenvolvendo espontaneamente. Levei algum tempo a aceitar esse papel, por o considerar de grande responsabilidade e para o qual não sentia que tinha sido a minha intenção primária. Comecei a dar aulas pelo gosto e pela paixão que esta prática despertou em mim, pelo seu papel no auto-conhecimento e bem-estar que me proporcionou desde a primeira hora. A realidade e a experiência mostraram-me que tinha de aceitar essa relação e vivê-la com o mesmo amor incondicional que tive com os meus filhos ou com a minha família biológica. Uma vez mais tive de lidar com a necessidade de aprender o desapego e a não deixar que este novo “ninho” ficasse vazio. Felizmente, hoje em dia, tenho aquilo a que se chama “saber de experiências feito” e a prática da meditação que me têm ajudado a seguir, aberta e disponível, para acolher as almas que ainda tenham como Karma estar um tempo comigo/connosco porque, de facto, não trabalho sozinha. Tenho, também, muito mais ajudas do que naqueles tempos longínquos do começo deste Caminho e, como disse a um amigo, continuo a semear e a cuidar da sementeira até que os Deuses queiram e me sinta útil. Com estes escritos, passa-se o mesmo, continuarei enquanto o gozo da comunicação sideral fizer parte do meu viver.
Fiquem bem!
Comentários
Quanto ao texto tambem o meu ninho se vai esvaziando...e custa tanto...
Um grande obrigado pelas "dicas" que quase sem querer me vai dando.
Um grande abraço
ME