O PÃO DA MAFALDA







O PÃO DA MAFALDA…

Quando me casei, imberbe e inexperiente, fui parar a Goa, onde o meu marido estava estacionado em comissão e, decidida a cumprir com o meu papel de dona de casa, passava as manhãs a estudar o livro de receitas que a minha mãe me tinha oferecido, “DOCES E COZIHADOS - ISALITA”. O propósito era aprender a cozinhar para poder ensinar à empregada e, principalmente, encontrar os menus adequados à zona! Tinha de saber que produtos locais se adaptavam aos modelos escolhidos para cada refeição e, para isso, deslocava-me ao mercado de Pangim onde mantinha os diálogos possíveis com as vendedoras, que me punham a par e me davam as suas próprias ideias. Como era uma menina, também me achavam graça e, quantas vezes, me ofereciam algumas das coisas que eram novidade para mim.
Lembrei-me desta longínqua memória, porque, actualmente, me foi colocado o desafio de ir à descoberta do fermento natural, uma vez que o que usava se encontra esgotado, dada a corrida dos pretendentes a padeiros de trazer por casa. Preciso de ter esse produto porque faço pão sem glúten que a minha neta Mafalda só pode comer… E tem sido uma aventura curiosa esta, de voltar a ter de ir à descoberta! A internet facilita bastante, mas também é preciso arriscar e fazer experiências, com alguma confiança e com a certeza de que o que importa é acreditar que o amor a uma causa vale mais do que tudo. O resultado tem sido satisfatório e conta pelo gosto de apresentar o que chamo “Pão da Mafalda”, que é uma receita que criei para que ela possa saborear uma espécie de pão-bolo, feito de maneira a que saiba a pão, mas que seja, igualmente, um docinho. E, como não podia ficar por aqui, usei o dito fermento para, de vez em quando, fazer um pão cá para casa, constatando que, na verdade ficam mais saborosos e saudáveis, uma coisa que conta nesta situação que estamos a viver!
Este “retiro” imposto tem sido uma experiência válida, pondo a descoberto fragilidades, competências inesperadas e uma grande dose de criatividade para que seja possível ultrapassar as dificuldades próprias do dia-a-dia, tirando partido das ferramentas ao dispor. Resta saber como vai ser a adaptação à “liberdade”, que terá de ser muito bem gerida e um ponto de partida para nova aprendizagem de vida!!!

    OM SHANTI OM


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