O CORPO MANIFESTA-SE

 

O CORPO MANIFESTA-SE

In “O CAMINHO DA SABEDORIA” (2004)

 O corpo manifesta-se como uma antena que capta os sinais que lhe permitem detectar as condições do ambiente em que está inserido e o fazem actuar em conformidade com as necessidades. Deixarmo-nos absorver pela energia que os contactos proporcionam, ajuda-nos a perceber as sensações mais profundas, o que está para além da aparência. É sempre possível alterar o que for preciso alterar ou corrigir, de modo a sair ileso quando os contactos não forem positivos ou saboreá-los quando o sejam.

Apesar de sermos seres sociais, de vez em quando, há necessidade de isolamento para se poder definir, com clareza, a própria realidade sem influências externas e perceber, exactamente, o que é nosso e o que não é e, a partir daí, ajustar a energia de forma adequada. A observação constante do nosso estado - físico e mental - não é um acto de egoísmo, mas um exercício de responsabilidade pois se estivermos bem influenciamos positivamente o ambiente que nos rodeia. É um acto de verdadeira libertação e de amor.

Sabemos que o corpo, como matéria, é perecível e, por isso, sofre as agruras próprias de quem lida com uma energia densa e poluída. A mente, como condutor deste veículo que é o corpo, tem de aprender a lidar com as capacidades inerentes às qualidades próprias desse instrumento de trabalho e auto perfeição. As doenças, por exemplo, são um desequilíbrio provocado por um esforço excessivo, uma derrapagem que faz com que se perca o controlo da situação, entrando por caminhos, cujas curvas mais apertadas, nos fazem deixar de sentir o prazer da viagem, até ali a correr sem grandes sobressaltos.

Quando adoecemos e ficamos à mercê da solidariedade, tomamos consciência da nossa mortalidade física. A mente debate-se com a questão: “Porque é que isto me está a acontecer? Que fiz de errado e qual o propósito desta circunstância?...”  Na primeira fase nem dá para perceber absolutamente nada do que está a acontecer. Julgamos que tudo vai passar rapidamente, que somos capazes de nos sobrepor àquele percalço. O tempo vai passando e os resultados desse trabalho mental não são muito palpáveis, se continuarmos a tapar o Sol com a peneira, fazendo de conta que está tudo bem, que o melhor é seguir para a frente como se nada se estivesse a passar. Ignoramos as queixas do corpo e, este, muito pragmaticamente, começa a dar sinais cada vez mais violentos. Por fim cedemos, passando a viver como doentes. Assumimos uma condição que se tornara óbvia em demasia por falta de atenção inicial. A rendição é a única opção. Paciência... Paciência!

A falência da recuperação não representa uma incapacidade, mas uma falta de oportunidade para que o ciclo se complete. A resistência tem os seus limites, por isso, é preciso não descurar a atenção que é preciso dar às condições em que vivemos e trabalhamos. Apesar de tudo, as derrapagens sempre farão parte dos perigos de quem segue com espírito de aventura e de serviço. Não somos propriamente deuses, apesar da divindade que reina em nós nos permitir alguma confiança e acreditar que nada acontece por acaso e que aquela circunstância é um sinal evidente de que estamos vivos e actuantes, prontos para lutar pelos nossos ideais.

Na saúde e na doença, reconhecemos os nossos companheiros de jornada. Na tristeza e na alegria percebemos a necessidade de partilha com aqueles que connosco comungam do mesmo pão. A selecção acontece. As provas, apesar de duras, são absolutamente necessárias ao crescimento de um Grupo de trabalho espiritual que tem por base as acções de cada dia, pois que é nelas que nos revemos e solidificamos o Amor que nos une. Ninguém ensina nada a ninguém, alguns aprendem mesmo sem dar por isso, outros apercebem-se do seu progresso e sentem-se confiantes com essa consciência. A aprendizagem faz-se no contacto, na proximidade com o núcleo central e, o crescimento é uma consequência natural dessa exposição, não representando um esforço, mas sim uma alegria no dar e no receber.

A imortalidade não está no corpo físico, mas sim no corpo astral e espiritual. Transcender  a matéria permite-nos perceber que, realmente, não somos o corpo. Ao ampliarmos a consciência percebemos, finalmente, que não somos UM pois pertencermos a um grupo de evangelização, de promoção da paz e da harmonia, que trabalha na sua individualidade com a consciência dessa pertença. Cabe-nos, por isso, a responsabilidade de manter a união das energias que compõem o corpo, para além da consciência do Eu que somos. Estamos juntos porque faz parte da missão que nos foi destinada e que aceitámos usando o livre arbítrio concedido.

É com alegria que vivemos os momentos difíceis visto que não estamos sós. As experiências fazem-se conhecimento directo. Ficamos um pouco mais sábios? Um pouco, talvez. Muito há ainda para aprender e para viver, mas com mais confiança e mais vontade de continuar neste caminho em que a solidão é, apenas, a condição de sermos seres únicos, parcelas de uma centelha divina que algum dia se materializou para poder actuar na terra.

O corpo é o nosso instrumento de auto-perfeição e auto-conhecimento. Permite-nos tocar os outros com os sentidos e manifestar-lhes o nosso desejo de partilha, de comunicação para além da matéria. O corpo é o templo onde se abrigam as emoções mais profundas, por isso, é necessário amá-lo para que ele ame também.

 OM SHANTI OM



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