SINAIS
SINAIS
Sou,
normalmente, uma pessoa atenta ao que se passa à minha volta e vou registando
as informações que me vão chegando, seja por palavras, gestos ou acções, para
que possa gerir as energias que circulam nos ambientes em que estou inserida.
Como lido com muita gente, preciso de captar os sinais que vou descodificando
de modo a orientar-me em termos de comportamentos próprios ou alheios.
O
que dizemos e fazemos em cada circunstância, determina a continuidade das
ligações temporárias ou de longo prazo. Os interesses comuns levam-nos a
explorar relações que se estabelecem por necessidade de evolução e esses
interesses fundamentam os alicerces do nosso Ser e do nosso Estar como individualidade,
dentro de um TODO do qual fazemos parte a nível de alma. O contacto
físico pressupõe uma troca de energia, que se deseja equilibrada e satisfatória
para ambas as partes e quando essa condição já não faz sentido, as
manifestações exteriores acontecem por instinto.
As palavras pronunciadas espontaneamente, bem como
as atitudes apresentadas em determinado momento, dão-nos a ideia do ponto da
situação em que aquela relação se encontra. Infelizmente, porque somos apegados
por natureza, o que sentimos nem sempre se coaduna com a realidade estampada na
nossa cara, porque a nossa autoestima depende, muitas vezes, de afectos que nos
parecem consistentes e que nos iludem ao ponto de acreditarmos que a nossa
entrega vale mesmo a pena. Acontece muito nas relações amorosas, pensar-se que
aquele amor é para sempre, mas na verdade o “para sempre” não sabemos bem até
quando será.
Na filosofia do Yoga encontramos um conceito que dá
pelo nome de Maya e Maya significa ilusão. Vivemos numa
permanente ilusão de que a vida tem uma consistência que, realmente, não tem.
Olhando a matéria, nua e crua, pensamos que ela se mantém inalterável e que a
sua aparência é imutável. Se nos dermos ao trabalho de olhar mais atentamente
podemos reconhecer alterações que, à partida, nos passavam despercebidas. As
nossas células, por exemplo, nascem e morrem a cada passo e o que somos agora
nada tem a ver com o que éramos há pouco tempo atrás. Assim acontece nas
relações pessoais, afectivas, sociais ou profissionais. Inconscientemente,
vamos gerindo emoções e sensações, de acordo com as necessidades, saboreando
momentos de agradável convívio e colmatando os vazios que acontecem
naturalmente.
Somos
montras ambulantes! Mostramo-nos a quem por nós passa e somos atraídos pelo que
vemos exposto nos outros. Umas vezes abrimos as portas, outras vezes
respondemos à curiosidade e partimos à descoberta do outro, na esperança de
encontrar o que nos faz falta e corresponder a uma qualquer necessidade alheia.
Se dermos atenção, os sinais aí estão para nos indicar o caminho a seguir.
Ninguém está com quem não deve estar, nem tão pouco onde não deve estar. A natureza
ou o Universo levam-nos aos sítios certos e às companhias que servem à nossa
evolução e propósito de vida, mesmo que nos rebelemos contra essa ordem
inexorável.
Estar
atento aos sinais que se manifestam com alguma insistência, permite-nos levar
por diante a existência com o mínimo de percalços, sabendo que, no fim, está
tudo bem e que viver de ilusões também não é assim tão mau… Somos humanos, não
é? Quando o dia amanhece solarengo esquecemo-nos de que o calendário anunciava
a chegada do Inverno e quando chove e faz frio, pensamos que a Primavera tarda…
Divirtam-se
a interpretar os sinais e contem com algumas surpresas.
OM SHANTI OM
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