ENCONTRO INESPERADO
A vida é uma sucessão de surpresas que nos levam a acreditar
que há o dito destino, a colocar à nossa frente aquilo que temos de fazer ou
experimentar e, curiosamente, à partida não nos parecem surgir
dúvidas, nem receios, quando tal acontece. Talvez seja por isso que a vida
não seja aquela maçada, a que costumo chamar graça, quando lhe quero tirar
algum peso! No entanto, é preciso pensar nas dificuldades e contrariedades a
que estamos sujeitos, e a obrigar-nos a recorrer à criatividade ou a uma força
imaginária a permitir-nos vencer cada obstáculo ou a saborear qualquer conquista.
Fazendo uma retrospectiva da minha longa existência, dou comigo a rever tantas
surpresas que a vida me tem oferecido, e que fizeram com que o meu caminho
fosse sofrendo voltas inesperadas e me levassem a seguir e a avançar, trilhando
novas etapas ou formas de ser e de estar. São aqueles momentos em que, de
repente, nos sentimos parte duma peça de teatro, de um autor
desconhecido, ou incógnito, em que nos ofereceram o papel principal e os
diálogos vão surgindo, como se tivessem sido bem decorados. Não sei
porquê, hoje dei comigo a pensar num encontro inesperado que
me aconteceu há mais de 65 anos, demonstrativo da marca do tal destino. Passo
a contar…
Era eu uma jovem adolescente que, um dia, se dispôs a acompanhar uma
amiga a um baile, à laia de pau de cabeleireira, que nesse tempo se obrigava a
ter, quando havia namoriscos à vista. A minha amiga tinha um jovem a
querer conquistá-la e o baile era uma boa desculpa para seguir a evolução do futuro
romance. Como não sou particularmente sociável e não tinha conquistador no meu
encalce, passei o dito baile meio escondida, por não achar grande piada ficar à
espera que me viessem convidar para dançar. Era assim naquele tempo! Mas,
o tal senhor "destino ", pregou-me a partida e o amigo da minha
amiga, veio-me apresentar um rapaz, que pelos vistos também não tinha
par!... E, não é que esse tal moço continua a "dançar" comigo até
hoje?... Deixei-me levar, sem pensar muito e, ao mesmo tempo, curiosa e
surpreendida com o que se estava a passar e, em continuidade e consequência, a
dar origem a esta família que constituímos, experienciando tantos bons momentos,
a vencer os obstáculos que sempre surgem, a deixar que a vida continue a
surpreender-nos e a garantir o amor nas acções de cada dia.
Como curiosidade, a minha amiga também continua a sua
“dança” de vida, com o tal moço que me pregou a partida, ajudando o tal destino
a marcar a sua hora. Não haverá “felizes para sempre”, porque o “para sempre” é
o que fazemos dele e das oportunidades oferecidas para o tornar mais verdadeiro
do que aparente, a acreditar que há encontros inesperados que valem a pena!
OM
SHANTI OM
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