REGRESSO

A paragem em Bombaim foi de algumas horas o que deu para mais algumas compras. Eu, por exemplo, tive de adquirir uma mala para conseguir encaixar o que trazia e o que ainda comprei. As coisas são baratíssimas e uma tentação pela originalidade e, além disso, nós temos o costume de levar lembranças para a família. Nesse tempo não havia por cá o que há agora, é preciso que se note. Jantámos onde calhou, mas eu não estava muito bem disposta; os balanços do comboio fizeram-me enjoar quando poisei os pés em terra. Foram muitas horas com pouco descanso.
Depois do jantar começámos a aventura da viagem para o aeroporto. Tínhamos deixado as malas na estação e de lá seguimos, tendo apanhado pelo caminho os festejos do dia de “São” Ganesha. Parecia Carnaval. Grupos de gente empunhando estátuas do deus todo enfeitado, cantavam, dançavam e atiravam “kum-kum” (pó vermelho para dar sorte) uns aos outros. Ao princípio achámos graça, mas a demora do trânsito tornou-se cansativa por causa do pó e do calor. No aeroporto aguardava-nos uma longa espera. Felizmente a zona de embarque era limpa e fresca. Deixámos Bombaim com chuva torrencial, um pouco antes das duas da madrugada.
Logo que acabei de comer o jantar, enrosquei-me o melhor que pude na cadeira e tentei passar pelas brasas, apesar do desconforto e da falta de espaço. Dores no pescoço, perna dormente, uma constante, com a agravante de o avião estar dividido no sentido do comprimento para separar fumadores e não fumadores o que significa ter-me calhado ficar ao meio, ou seja, ter apanhado um fumante como vizinho!!! No fim da viagem trouxe para casa um papel que a hospedeira me deu para fazer a reclamação, à qual me responderam mais tarde dizendo que estavam a estudar o assunto. Como era a Lufthansa, é natural que se tenham dado ao trabalho de resolver a situação.
Estávamos cada vez mais perto de casa e do fim da nossa viagem que nos tinha parecido um sonho irrealizável. Os meus companheiros foram magníficos e funcionámos sempre como um grupo unido. Em Frankfurt, passámos horas sem fim, a passear de um lado para o outro e a observar as pessoas que por lá andavam, de todas as cores e feitios. Ainda deu para, por fim, falar para casa para saber se estavam todos bem e a anunciar a minha/nossa chegada de madrugada. O resto da viagem não tem estória, mas a próxima etapa da minha vida já tem algumas. Agradeço ao meu diário a oportunidade de reviver tantas experiências interessantes que jamais esquecerei e que partilhei convosco de bom grado. Os tempos que se seguiram foram difíceis, muito difíceis mesmo, mas contei sempre com o apoio da família, dos amigos e dos alunos que já formavam um grupo consistente e devotado. As dificuldades são a nossa grande escola e a vida é de guerreiros e descobridores!!!

Fiquem bem!

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