NOVAS VISITAS

Terminado este contacto elucidativo, descemos até ao rio para descansar e refrescar as ideias e ali permanecemos numa espécie de praia a ver a água a correr em alta velocidade e os monges a tomarem o seu banho de mergulho e tudo... Estava, também, um homem que, depois do seu banho, permaneceu em meditação imperturbável (vide a foto do texto “ENCONTROS IMEDIATOS”). Preparámo-nos para o regresso, sempre à beira rio, mas o sr. Singh ainda nos quis mostrar mais um Ashram, segundo ele, frequentado por muitos estrangeiros. Acabámos por ficar lá algum tempo porque, entretanto, desatou a chover torrencialmente. Logo que abrandou metemo-nos a caminho e passámos por outro Ashram muito grande onde morava o nosso guia. Lá dentro havia um mercado com boas lojas onde encontrámos colchas iguais às que comprámos em Jaipur por metade do preço!... É incrível como podem vender as coisas tão baratas... sem esquecer que aquela gente ganha miseravelmente!!!
Apanhámos um táxi de volta a casa, já noite escura e com o nosso amigo Ramu pronto para nos servir o jantar. O marido da minha amiga começava a dar mostras de saturação e, por isso, a ficar chato; estas coisas não é para quem quer, é para quem gosta. Ainda ficámos outro dia antes de seguirmos para Deli e de Deli para Bombaim afim de apanharmos o avião para Lisboa. Infelizmente a viagem de regresso foi feita em duas etapas: camioneta até Deli e comboio até Bombaim. Apesar das saudades que tinha de casa e da família, não estava propriamente entusiasmada com o regresso, onde me esperavam alguns problemas de ordem afectiva. Os tempos estavam bem difíceis para mim. Curiosamente, o nosso amigo Singh, antes de se despedir, disse-me, “You are no simple woman” (“Não és uma mulher qualquer”) e que havia de viver muitos anos e ter uma grande missão, coisa que já estava farta de ouvir... sem ligar nenhuma. Com os meus botões pensei que tinha de ter paciência e esperar para ver. Naquela altura estava bem longe de saber o caminho por onde o Yoga me iria levar. Passados estes anos (nada mais, nada menos do que 25!!!), acredito que a tal grande missão que me coube foi o auto-conhecimento e abrir as portas da consciência àqueles que de mim se aproximam e a quem, de alguma maneira, toco. Através dos outros e com os outros, tenho aprendido o que nunca pensei aprender, sobretudo sobre mim própria. Estou grata aos deuses pelas oportunidades que me foram proporcionadas e espero continuar merecedora delas.
Para terminar esta estória de hoje, vou-lhes falar duma profissão que havia naquele lugar (se calhar continua a haver), relacionada com os pedintes: “vendedor de trocos”!!! Como é de bom tom dar esmola, havia umas bancadas onde nos trocavam rupias por cêntimos ou “tostões”. Cada rupia dava 90 “cêntimos”, o lucro deles: 10 cêntimos. Todos os dias, trocávamos ¾ para distribuirmos as moedinhas (que nem sequer estavam a uso) pelos pobres que se encontravam à beira do caminho até ao rio e que, por sua vez, trocavam no vendedor de trocos Um costume que limpa algum Karma, digo eu...
Fiquem bem!
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