NOVAS VISITAS

À tarde fomos então com o nosso guia visitar o Ashram do Maharish Mahesh que é o “Guru” da Meditação Transcendental. Metade do caminho era semelhante ao daquele em que fizemos a visita ao yogui da montanha, mas a certa altura atravessámos uma denssíssima floresta, linda, linda. O calor é que era sufocante e o suor corria-nos em bica. Ao chegarmos, ainda tivemos de subir uma grande rampa e, no fim, não nos deixaram entrar. Uma barreira de rapazes logo se impôs, dizendo que não era permitida a entrada sem uma licença especial. Por favor, deixaram que visitássemos um exemplar das cabanas próprias para meditar, do tipo “iglo”, com dois andares; em baixo o quarto, lá em cima o espaço suficiente para se ficar sentado e uma casa de banho lá fora. Via-se que havia uma certa pretensão na ideia, coisa do tempo em que os “Beatles” iam à Índia à procura de inspiração. Aliás foram eles que levaram o dito Guru para a América, que lá se está bem melhor do que na Índia... O que ficou estava entregue à bicharada.
Terminado este contacto elucidativo, descemos até ao rio para descansar e refrescar as ideias e ali permanecemos numa espécie de praia a ver a água a correr em alta velocidade e os monges a tomarem o seu banho de mergulho e tudo... Estava, também, um homem que, depois do seu banho, permaneceu em meditação imperturbável (vide a foto do texto “ENCONTROS IMEDIATOS”). Preparámo-nos para o regresso, sempre à beira rio, mas o sr. Singh ainda nos quis mostrar mais um Ashram, segundo ele, frequentado por muitos estrangeiros. Acabámos por ficar lá algum tempo porque, entretanto, desatou a chover torrencialmente. Logo que abrandou metemo-nos a caminho e passámos por outro Ashram muito grande onde morava o nosso guia. Lá dentro havia um mercado com boas lojas onde encontrámos colchas iguais às que comprámos em Jaipur por metade do preço!... É incrível como podem vender as coisas tão baratas... sem esquecer que aquela gente ganha miseravelmente!!!
Apanhámos um táxi de volta a casa, já noite escura e com o nosso amigo Ramu pronto para nos servir o jantar. O marido da minha amiga começava a dar mostras de saturação e, por isso, a ficar chato; estas coisas não é para quem quer, é para quem gosta. Ainda ficámos outro dia antes de seguirmos para Deli e de Deli para Bombaim afim de apanharmos o avião para Lisboa. Infelizmente a viagem de regresso foi feita em duas etapas: camioneta até Deli e comboio até Bombaim. Apesar das saudades que tinha de casa e da família, não estava propriamente entusiasmada com o regresso, onde me esperavam alguns problemas de ordem afectiva. Os tempos estavam bem difíceis para mim. Curiosamente, o nosso amigo Singh, antes de se despedir, disse-me, “You are no simple woman” (“Não és uma mulher qualquer”) e que havia de viver muitos anos e ter uma grande missão, coisa que já estava farta de ouvir... sem ligar nenhuma. Com os meus botões pensei que tinha de ter paciência e esperar para ver. Naquela altura estava bem longe de saber o caminho por onde o Yoga me iria levar. Passados estes anos (nada mais, nada menos do que 25!!!), acredito que a tal grande missão que me coube foi o auto-conhecimento e abrir as portas da consciência àqueles que de mim se aproximam e a quem, de alguma maneira, toco. Através dos outros e com os outros, tenho aprendido o que nunca pensei aprender, sobretudo sobre mim própria. Estou grata aos deuses pelas oportunidades que me foram proporcionadas e espero continuar merecedora delas.
Para terminar esta estória de hoje, vou-lhes falar duma profissão que havia naquele lugar (se calhar continua a haver), relacionada com os pedintes: “vendedor de trocos”!!! Como é de bom tom dar esmola, havia umas bancadas onde nos trocavam rupias por cêntimos ou “tostões”. Cada rupia dava 90 “cêntimos”, o lucro deles: 10 cêntimos. Todos os dias, trocávamos ¾ para distribuirmos as moedinhas (que nem sequer estavam a uso) pelos pobres que se encontravam à beira do caminho até ao rio e que, por sua vez, trocavam no vendedor de trocos Um costume que limpa algum Karma, digo eu...
Fiquem bem!

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