DA JANELA DO MEU QUARTO
DA JANELA DO MEU QUARTO
Da janela do meu quarto vejo um mundo que cabe no espaço em que os
meus olhos abarcam. Vejo casas, espreitando por entre a folhagem das árvores,
embaladas pelo vento despertando para mais um dia. Antenas de televisão
irrompem céu acima como espinhos a ferir a paisagem que se queda imperturbável.
O farol apaga-se até que a noite volte.
Ao longe, o mar confunde-se com as nuvens que esvoaçam na frescura
da atmosfera sonolenta. O Sol, tímido, vai subindo a serra (Sintra) com os
primeiros raios a tocarem esta terra, que me acolhe num momento de pausa. Estou
feliz!... E, este estado de espírito faz expandir o meu coração para além
de mim. Chego então a outros seres. Penso… E, os meus pensamentos fogem
ligeiros, correndo muito para além do horizonte. O meu corpo torna-se solitário
com todos aqueles que não têm uma janela como a minha ou cujas janelas dão para
o vazio. Empresto-lhes este espaço para irem ao encontro do seu próprio mundo.
Se for preciso empresto-lhes também os meus olhos… Através deles talvez possam
descobrir novas perspectivas, paisagens onde as árvores enraizadas na terra
fecunda crescem orgulhosas livres e generosas. Repito: estou feliz!!! Saboreio
cada gota destes momentos em que me encontro na solidão de mim mesma, podendo
projectar uma esperança renovada, que o vento levará para alimentar outras
esperanças mais enfraquecidas. Em palavras silenciosas dedico este instante a
todos quantos toco e me tocam neste círculo de luz que brilha irremediavelmente
nesta terra que pisamos e sob este céu que nos cobre.
Desejo ardentemente que todos possam viver momentos como os que
estou vivendo, e as suas lembranças de paz se mantenham vivas até à eternidade!
NOTA: A RECORDAR MOMENTOS...
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